“Só é notícia aquilo que alguém quer ocultar; o resto é publicidade”
Lord Nothcliffe – magnata da impressa inglesa.

Em 8 de novembro de 2019, foi anunciado que a Paramount Pictures distribuiria a sátira política “Don’t Look Up”, com Adam McKay escrevendo, dirigindo e produzindo sob sua produtora Hyperobject Industries. Em 19 de fevereiro de 2020, a Netflix adquiriu o filme da Paramount.

A primeira coisa que os jornalistas e analistas da esquerda brasileira e americana afirmaram é que o filme é uma crítica ao Bolsonaro e ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump pela condução da pandemia. Ora querido leitor… Em 2019 sequer sabíamos que o Covid estava nascendo no laboratório de Wuhan. É a manipulação.

O filme, na verdade, satiriza os dois lados do espectro político, mas tenta colocar a ciência como verdade absoluta e inquestionável. Que somente os cientistas devem ser ouvidos, mesmo quando não há um consenso entre eles. Os cientistas que devem ser ouvidos, são os escolhidos pela mídia.

Segundo o livro “Os Donos do Mundo” de autoria da Cristina Martín Jiménez, os meios de comunicação são ferramentas indispensáveis para controlar o pensamento e, como consequência imediata, a ação social.

A mídia utiliza vários métodos de desinformação. Com um tom amigável, alegre e positivo, ela manipula e desinforma a mando de um projeto globalizante.

Entre as formas de manipulação e desinformação, estão:

1-) Silêncio – cala os discursos daqueles que defendem ideias contrárias. Exclui os críticos do sistema.

2-) Desprestigio e ridicularização – quando um pensador de renome revela uma verdade determinante, usa-se todos os meios para descredibilizar e difamá-lo.

3-) Negação – consiste em negar um acontecimento verídico, mediante argumentos sólidos (mesmo que estapafúrdios) passíveis de serem acreditados pelos cidadãos, aplicando a lógica dos fatos.

O filme, que fala de um cometa que está prestes a atingir a terra e dizimar todos os seres vivos, trabalha com esses três pontos em uma crítica ácida e escrachada quando os cientistas, interpretados por Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence, são convidados para explicar a descoberta do cometa no programa de maior audiência dos Estados Unidos. Os apresentadores levam o tema com ironia, interrompem os cientistas com comentários vazios e tentam amenizar a seriedade das informações.

Os próprios apresentadores usam frases como “dourar a pílula” e “amenizar o impacto da informação”, deixando o assunto “mais leve e divertido”.

O programa, inclusive, coloca o término dos cantores pops antes da entrevista dos cientistas, como se isso fosse mais importante para a população. O filme, em si, explora muito os prazeres momentâneos e as aparências.

No final do programa, quando há análise da audiência, as redes sociais estão focadas sobre o fim de namoro de dois cantores pops e, o máximo que compreenderam das informações passadas, foi a aparência de DiCaprio e o surto de Jennifer Lawrence, quando ela interrompe os apresentadores e fala o que está realmente acontecendo. Ato este que a faz virar os famosos “memes”, descredibilizando uma cientista com pós-doutorado.

A produção aposta na cultura do terror para o controle, o imperativo do silêncio, da polarização extrema e a manipulação do comportamento, se utilizando de artistas pops medíocres e influenciadores digitais que chegam ao cumulo de fazer ‘desafios’ na primeira tentativa de explodir o cometa.

Um dos pontos centrais é a negligência do governo norte-americano para lidar com o tema, quando a presidente, interpretada por Maryl Streep, não recebe os cientistas que viajaram por horas porque estava comemorando um aniversário e, quando os recebe, os trata com desdenho. Ela estava falando com o chefe de defesa Planetária da Nasa há 15 anos e dois cientistas renomados.

O chefe de gabinete e filho (nepotismo) da presidente é a personificação do playboy imbecil que só está preocupado com as eleições, em que o candidato da Suprema Corte, escolhido pela mãe dele, é um pervertido e amante da presidente.

Enquanto os cientistas explicavam o evento potencialmente significativo, o assessor de comunicação da presidência pede para os cientistas mentirem quanto ao perigo, mudando de 100% para 70% e o Chefe de Defesa explica que há ações imediatas para serem tomadas, mas a presidente prefere esperar por causa das eleições legislativas, pedindo para que não vaze a informação, mesmo sendo alertados que não se pode esperar.

A presidente interrompe e ri, e diz que vai fumar a hora que ela quiser enquanto ironiza que todos os dias recebe informações sobre pragas, mudanças climáticas etc.

Para não tirar a atenção da população das eleições e do término dos cantores, a diretora da Nasa, diz que a informação não passava de histeria. Supreendentemente ela é doadora da campanha da presidente e anestesiologista. Ou seja, não é astrônoma ou cientista. E são esses especialistas que querem que nós acreditemos.

No ápice da idiotização e “palavras machucam” da sociedade atual, onde adolescentes e ‘jovens adultos’ não sabem lidar com sentimentos e não podem se sentir frustrados, o filme apresenta um celular, da empresa fictícia Bash, que promete ser o melhor amigo do consumidor. Um telefone completamente integrado com todos os desejos e sentimentos do consumidor e, oferece vídeos e consultas psicológicas para que as pessoas nunca mais se sintam tristes, mostrando que a próxima geração não precisará lidar com sentimentos negativos como frustração, tristeza e dor emocional. O dono da Bash é um misto de Steve Jobs e Biden.

O filme dá um destaque para as interações nas redes sociais e das opiniões leigas dos internautas que transformaram o cometa em briga política, entre direita e esquerda. O objetivo é manter a população distante da informação verdadeira e com o propósito de moldar e influenciar o comportamento coletivo.

A produção satírica é muito latente ao privilegiar o belo e a imbecilidade, quando DiCaprio passa a ser aqueles especialistas midiáticos e se envolveu com a apresentadora de TV e deixa a esposa para viver um prazer momentâneo, tanto na parte sexual, como na parte midiática que causa uma falsa sensação de poder.

No dia do lançamento das ogivas que irão desviar o cometa, Peter, dono da Bash, o maior doador da campanha da presidente, aparece e convence a tripulação a retornarem à terra, pois os componentes do cometa são ricos em minérios raros que interessam a empresa de celular.

A presidente dos EUA e a empresa Bash, vendem a informação que, o cometa deve ser desfragmentado para que sejam usados, inclusive gerando empregos e melhorando a tecnologia. São 32 trilhões de dólares em minerais e 140 trilhões em ativos. Ou seja, querem deixar um cometa do tamanho de uma montanha atingir a terra para alavancar uma empresa de celulares.

A Dibiasky, personagem de Jennifer Lawrence quando descobre isso, grita no meio de um bar as reais intenções da Bash e dos cientistas e começa um quebra-quebra que remete ao Black Lives Matter.

Após a revelação feita pela cientista, o FBI a faz assinar um termo e a exclui da missão. Ela volta para casa e é impedida de entrar na casa dela, pelos pais, porque eles concordam com as decisões da Bash que prometeu criar empregos e acabar com as divisões no país.

No final do filme, Randal, personagem de DiCaprio, surta no programa da amante e diz que está na hora de falarmos livremente e saber ouvir… que nada precisa soar simpático e fofo o tempo todo, em uma clara crítica ao politicamente correto.

Claro que o plano da Bash dá errado e a presidente Orlean, dos EUA, larga seu filho para se salvar em uma capsula criogênicas. Todos os ricos e donos do poder estavam nessa capsula

O único sensato é um skatista, adolescente e desgrenhado. Ele é o único que sabe fazer uma oração quando o cometa cai na terra.

Considerações pessoal

O filme versa sobre a impossibilidade das pessoas de saberem a verdade sem ideologias ou interesses financeiros dos grandes donos do poder. O pedido incessante para que se acredite na mídia e a sede de influenciadores por likes e visualizações, deturpam a realidade, tirando do cidadão comum o seu direito de ser bem informado e realmente esclarecido para que tome as decisões mais assertivas possíveis.

A impressão que o título passa, olhando pelo prisma religioso, “não olhe para cima”, pode ser abordado como “não olhe para Deus”. Não viva a religião e se abdique da sua fé e dos preceitos religiosos e acredite única e exclusivamente na ciência. A ciência é o novo ‘deus’. O fato de ‘não olhar para cima’ impede de vermos os sinais que vem do céu e o que está além dos cinco sentidos.

Uma sociedade idiotizada, governada por psicopatas sedentos pelo poder, que não praticam a fé e vivem suas vidas medíocres na frente de smartfones e televisão, buscando uma satisfação momentânea para não lidar com os verdadeiros sentimentos e desígnios de Deus.

É o que estamos vivendo a nível global.