Nos últimos dias veio à tona uma gravação divulgada pela emissora de TV americana “OAN”. O áudio trata-se de uma conversa realizada em 16 de novembro de 2016 entre Joe Biden (então Vice-Presidente dos EUA) e Petro Poroshenko (então Presidente da Ucrânia), duas semanas após a vitória de Trump no pleito eleitoral. Na conversa, temos diretrizes sendo “sugeridas” por Biden e uma fala que poderia ser interpretada como ameaça:

“Isso está ficando muito, muito próximo do que eu não quero que aconteça, eu não quero que Trump chegue a uma posição em que ele pense que está prestes a comprar uma política em que o sistema financeiro vai entrar em colapso e ele se verá obrigado a despejar mais dinheiro na Ucrânia.

É assim que ele vai pensar antes de ficar sofisticado o suficiente para conhecer os detalhes.

Então, qualquer coisa que você possa fazer para empurrar o Privatbank para o fechamento, para que o empréstimo do FMI seja concedido, eu respeitosamente sugiro que seja extremamente importante para sua segurança econômica e física.”

O banco Privatbank, citado por Biden, é uma sociedade anônima pública um dos maiores país e o maior credor da Ucrânia. Mas por qual motivo este áudio é importante para entendermos questões de fundo na Guerra de invasão da Rússia à Ucrânia?

Ainda em fevereiro de 2020, noticiamos no PHVox que, ao contrário do que era posto pelas narrativas de desinformação no Brasil,  Poroshenko era o homem de George Soros e do Partidos das Sombras, não o atual presidente Volodymyr Zelensky. Para entendermos isto é necessário voltarmos no tempo.

A guerra fria revolucionária: Soros x Putin

George Soros patrocinou diversos movimentos civis que contribuíram para a queda da URSS e fez muito dinheiro com a massa falida das repúblicas soviéticas. Em 2004, financiou a revolução laranja, com o intuito de impedir que Viktor Yanukóvytch, político pró-Rússia assumisse o poder. Os ucranianos conseguiram com o movimento realizar uma nova eleição, que acabou elegendo como Presidente Viktor Yuschenko.

Em 2010, Yanukóvytch derrotado em 2004, venceu as eleições presidências. Mesmo sendo aliado de Moscou, Yanukóvytch viu-se obrigado a iniciar o pedido de adesão da Ucrânia à União Européia por pressão popular. Putin interveio para impedir que o então presidente da Ucrânia se afasta-se e emprestou US$15 bilhões de dólares, além de baratear o gás, que estava sendo utilizado como moeda de pressão política com a administração anterior de Viktor Yuschenko. Assim, o presidente Viktor Yanukóvytch suspende o processo de associação com a União Européia.

Exatamente como em 2004, novos protestos eclodem e uma nova Revolução começa na Ucrânia entre 2013 e 2014: A Euromaidan, nome da praça Maidan, onde iniciou-se os protestos. Soros novamente utiliza seus métodos de infiltração e financiamento nos protestos. Yanukóvytch concorda com todos os termos dos manifestantes, mas a ordem era a sua derrubada. O Presidente então deixa o governo e posteriormente o país. Estas sequências históricas foram determinantes para que Putin, desejoso de proteger a sua influência e posição dentro da Ucrânia, invadisse a Criméia durante o governo provisório de Olexandr Turtchynov.

Novas eleições são realizadas e, em 25/05/2014 o bilionário Petro Poroshenko é eleito. Próximo a George Soros, Poroshenko aproxima sua administração dos interesses comum de Soros, chegando inclusive a oferecer a este a maior condecoração da Ucrânia: a “Ordem da Liberdade”. Também atribuindo papel de destaque à Open Society Foundation na proposta de reformulação do Estado Ucraniano.

Poroshenko (esquerda) e Soros (direita), logo após a entrega da maior comenda da Ucrânia.

A ligação de Biden para Poroshenko

Trump vencera as eleições de 2016 e, em 16 de novembro daquele ano, temos o áudio de Biden onde ele como intermediário, avisa Poroshenko para não “colaborar” com a nova administração. Biden inclusive orienta “respeitosamente” que Poroshenko faça o que estiver ao seu alcance para o fechamento do banco.

Em 18 de dezembro de 2016 o banco foi nacionalizado pelo governo da Ucrânia em 100%, como parte de uma “limpeza do sistema bancário” do país. Teria Poroshenko prezado por sua “sua segurança econômica e física”, conforme alertado por Biden 32 dias antes? Aqui cabe ressaltar o verdadeiro papel de Soros, como “dono” do Partido das Sombras que elegera Obama, organizara e patrocinara a campanha de Hillary Clinton e, mais adiante em 2020, também foi o responsável pela eleição de Biden, conforme apresento no livro “EUA e o Partido das Sombras”, em parceria com Ivan Kleber Fonseca.

Os problemas para Putin e Soros: Donald Trump e Volodymyr Zelensky

O povo Ucrâniano rejeitou o projeto imposto por Poroshenko, que sofre uma derrota expressiva nas eleições de 2019 para um outsider chamado Volodymyr Zelensky. O resultado do pleito ao final foi de 73,22% dos votos para Zelensky, contra 24,25% para Poroshenko.

Zelensky é um personagem controverso que, como Donald Trump e Jair Bolsonaro, foi eleito pelo cansaço das pessoas com a classe política tradicional. Conseguiu apoio popular massivo por ser uma personalidade da televisão ucraniana e, também, conseguir apoio de oligarcas locais, considerados o “centrão” da Ucrânia.

Mesmo com este apoio do “centrão”, Zelensky não consegue desmontar o stablishment ucraniano, seja o pró-Rússia, seja o da Open Society. Com isto, Zelensky começa a buscar alianças internacionais importantes como Donald Trump.

Soros, começa a agir em todas as frentes. Ainda no fim de 2019 o bilionário encontra-se em Londres com Petro Poroshenko e, começam a pipocar greves e convocações para uma “nova Maidan” contra Zelensky, afirmando que ele era Pró-Russia.

Enquanto isto nos EUA, uma das principais generais do Partido das Sombras, Nancy Pelosi, entra no circuito e faz avançar o processo de impeachment de Trump na câmara em 18 de dezembro de 2019, utilizando a máquina política e principalmente da mídia, vaza o briefing de uma ligação entre Zelensky e Trump, onde Trump dava a entender que era preciso investigar negócios escusos de Hunter Biden, envolvendo a empresa de energia Burisma. Isto traduz a questão pessoal de Joe Biden com Zelensky. O processo não avançou no Senado e o processo de impeachment foi arquivado.

Em uma tacada, Soros e seus emissários tentaram derrubar Trump e Zelensky de seus cargos. A intenção na Ucrânia era, talvez, trazer Poroshenko de volta ao poder.

A guerra da Ucrânia era uma oportunidade única, tanto para Putin, quanto para Soros, destruírem Zelensky. Um inimigo político comum que, para Putin é um nazista ocidental, para Soros uma porta de entrada aos globalistas da União Europeia. Assim, de acordo com os acontecimentos da guerra, decidiriam quem ficaria com os espólios do conflito, no caso, a Ucrânia. Claro, tendo a possibilidade ainda de ver um ao outro destruído no processo.

Só faltou combinarem com o povo Ucraniano…