A guerra na Ucrânia desencadeou de maneira global uma nova fase da guerra de híbrida, tornando o campo da informação, uma praça de guerra, onde histórias são criadas a partir de meias verdades e vilões e heróis fabricados em fazendas de trolls espalhadas pelo mundo. Um dos principais fatos neste cenário são as ligações da família Biden, George Soros e o governo da Ucrânia. Mas o que há de verdade e de desinformação nesta história?

Antes de começarmos, é importante ressaltar que este vídeo não tem o objetivo de apresentar todas as questões que envolvem a atual guerra no leste europeu, mas, no contexto proposto, apresentar fatos objetivos que contrapõem a larga desinformação aplicada nos últimos dois anos. Para um melhor entendimento e organização das informações, dividiremos os fatos por meio de atos.

Ato 1 – A guerra fria revolucionária: Soros x Putin

George Soros patrocinou diversos movimentos civis que contribuíram para a queda da URSS e fez muito dinheiro com a massa falida das repúblicas soviéticas. Em 2004, financiou a revolução laranja, com o intuito de impedir que Viktor Yanukóvytch, político pró-Rússia assumisse o poder. Os ucranianos conseguiram com o movimento realizar uma nova eleição, que acabou elegendo como Presidente Viktor Yuschenko.

Em 2010, Yanukóvytch derrotado em 2004, venceu as eleições presidências. Mesmo sendo aliado de Moscou, Yanukóvytch viu-se obrigado a iniciar o pedido de adesão da Ucrânia à União Européia por pressão popular. Putin interveio para impedir que o então presidente da Ucrânia se afastasse e emprestou US$ 15 bilhões de dólares, além de baratear o gás, que estava sendo utilizado como moeda de pressão política com a administração anterior de Viktor Yuschenko. Assim, o presidente Viktor Yanukóvytch suspende o processo de associação com a União Européia.

Exatamente como em 2004, novos protestos eclodem e uma nova Revolução começa na Ucrânia entre 2013 e 2014: A Euromaidan, nome da praça Maidan, onde iniciaram-se os protestos. Soros novamente utiliza seus métodos de infiltração e financiamento nos protestos. Yanukóvytch concorda com todos os termos dos manifestantes, mas a ordem era a sua derrubada. O Presidente então deixa o governo e posteriormente o país. Estas sequências históricas foram determinantes para que Putin, desejoso de proteger a sua influência e posição dentro da Ucrânia, invadisse a Criméia durante o governo provisório de Olexandr Turtchynov.

Ato 2 – George Soros e sua influência na Ucrânia

Novas eleições são realizadas e, em 25 de maio 2014 o bilionário Petro Poroshenko é eleito. Próximo a George Soros, Poroshenko aproxima sua administração dos interesses comum de Soros, chegando inclusive a oferecer a este a maior condecoração da Ucrânia: a “Ordem da Liberdade”. Também atribuindo papel de destaque à Open Society Foundation na proposta de reformulação do Estado Ucraniano.

Poroshenko, foi eleito para assumir o cargo após a renúncia de Viktor Ianukovytch (ligado ao esquema oligarca Russo, mas que por pressão interna no país precisou fazer jogo duro contra o Presidente da Federação Russa) na esteira dos acontecimentos da Euromaidan em 2014.

Poroshenko rapidamente favoreceu seu bem-feitor Soros, lhe garantiu vantagens em negócios na Ucrânia e enriqueceu muito a sua família. Soros chegou a ser condecorado por Poroshneko com honrarias estatais.

Dentre os negócios, estão pontes de acesso privilegiados à Casa Branca, pois o presidente era Barack Obama, homem chave de Soros. Obama, assim como Hillary e Biden, são considerados generais do Partido das Sombras, controlado por Soros com mão de ferro, em uma estrutura imensa que utiliza “técnicas globalistas” nos altos círculos de influência e, manipula e financia os grupos de ação social com as técnicas de Saul Alinsky.

Ato 3 – Trump é eleito, Biden ameaça o então Presidente Ucrâniano

Trump vencera as eleições de 2016 e, em 16 de novembro daquele ano, temos o áudio de Biden onde ele como intermediário, avisa Poroshenko para não “colaborar” com a nova administração. Biden inclusive orienta “respeitosamente” que Poroshenko faça o que estiver ao seu alcance para o fechamento do banco.

Estas informações vieram a público no ano de 2022, divulgadas pela emissora de TV “OAN”, onde foi divulgado áudio de uma conversa realizada em 16 de novembro de 2016 entre Joe Biden (então Vice-Presidente dos EUA) e Petro Poroshenko (então Presidente da Ucrânia), duas semanas após a vitória de Trump no pleito eleitoral. Na conversa, temos diretrizes sendo “sugeridas” por Biden e uma fala que poderia ser interpretada como ameaça:

“Isso está ficando muito, muito próximo do que eu não quero que aconteça, eu não quero que Trump chegue a uma posição em que ele pense que está prestes a comprar uma política em que o sistema financeiro vai entrar em colapso e ele se verá obrigado a despejar mais dinheiro na Ucrânia.

É assim que ele vai pensar antes de ficar sofisticado o suficiente para conhecer os detalhes.

Então, qualquer coisa que você possa fazer para empurrar o Privatbank para o fechamento, para que o empréstimo do FMI seja concedido, eu respeitosamente sugiro que seja extremamente importante para sua segurança econômica e física.”

O banco Privatbank, citado por Biden, é uma sociedade anônima pública um dos maiores país e o maior credor da Ucrânia. Mas por qual motivo este áudio é importante para entendermos questões de fundo na Guerra de invasão da Rússia à Ucrânia?

Em 18 de dezembro de 2016 o banco foi nacionalizado pelo governo da Ucrânia em 100%, como parte de uma “limpeza do sistema bancário” do país. Teria Poroshenko prezado por sua “sua segurança econômica e física”, conforme alertado por Biden 32 dias antes? Aqui cabe ressaltar o verdadeiro papel de Soros, como “dono” do Partido das Sombras que elegera Obama, organizara e patrocinara a campanha de Hillary Clinton e, mais adiante em 2020, também foi o responsável pela eleição de Biden, conforme apresento no livro “EUA e o Partido das Sombras”, em parceria com Ivan Kleber Fonseca.

Ato 4 – Os problemas para Putin e Soros: Donald Trump e Volodymyr Zelensky

O povo Ucrâniano rejeitou o projeto imposto por Poroshenko, que sofre uma derrota expressiva nas eleições de 2019 para um outsider chamado Volodymyr Zelensky. O resultado do pleito ao final foi de 73,22% dos votos para Zelensky, contra 24,25% para Poroshenko.

Zelensky é um personagem controverso que, como Donald Trump e Jair Bolsonaro, foi eleito pelo cansaço das pessoas com a classe política tradicional. Conseguiu apoio popular massivo por ser uma personalidade da televisão ucraniana e, também, conseguir apoio de oligarcas locais, considerados o “centrão” da Ucrânia.

Mesmo com este apoio do “centrão”, Zelensky não consegue desmontar o establishment ucraniano, seja o pró-Rússia, seja o da Open Society.

Rapidamente, Zelensky faz aproximações com o governo americano de Donald Trump e brasileiro de Jair Bolsonaro por precisar de apoio para proteger sua administração dos interesses de Soros e também de Vladimir Putin.

Trump, sabendo dos negócios envolvendo os Bidens, pede que ele verifique o que sabe envolvendo o caso em uma ligação telefônica, que falaremos em detalhes mais adiante. Soros, começa a agir em todas as frentes. Ainda no fim de 2019 o bilionário encontra-se em Londres com Petro Poroshenko e, começam a pipocar greves e convocações para uma “nova Maidan” contra Zelensky, afirmando que ele era Pró-Rússia.

Enquanto isto nos EUA, uma das principais generais do Partido das Sombras, Nancy Pelosi, entra no circuito e faz avançar o processo de impeachment de Trump na câmara em 18 de dezembro de 2019, utilizando a máquina política e principalmente da mídia, vaza o briefing da ligação entre Zelensky e Trump, onde Trump dava a entender que era preciso investigar negócios escusos de Hunter Biden, envolvendo a empresa de energia Burisma. Isto traduz a questão pessoal de Joe Biden com Zelensky. O processo não avançou no Senado e o processo de impeachment foi arquivado.

Em uma tacada, Soros e seus emissários tentaram derrubar Trump e Zelensky de seus cargos. A intenção na Ucrânia era, talvez, trazer Poroshenko de volta ao poder.

Ato 5: O homem errado para os dois lados

Três dias após a posse de Biden, o programa de entrevistas Axios, vai até Kiev falar com Zelensky. O entrevistador faz de tudo para jogar o Presidente ucraniano contra Trump, no jargão popular dá uma chance para ele “limpar a cara” com Biden jogando seu aliado “aos leões” enaltecendo a imagem de Biden. Até mesmo a invasão do capitólio de 06 de janeiro entra no tema. Zelensky não entrega o que era esperado dele na entrevista.

Sobre Hunter Biden e seus negócios com a Burisma obviamente não tivemos nada na entrevista. Esta entrevista está disponível na HBO Max.

Em suma, temos nesta época o seguinte panorama:

Zelensky atrapalha os negócios de Soros na Ucrânia e pode ter informações que prejudiquem os Biden’s.

Zelensky atrapalha os negócios de Putin e sua esfera de influência energética, imperialista-territorial e negócios.

Sua deposição, ou eliminação, é boa para “todo mundo”. Basta lembrar que no dia da invasão da Ucrânia pela Rússia, Biden entrou em contato com Zelensky, lhe oferecendo uma fuga para abandonar o governo, ação que gerou a frase que tornou Zelensky conhecido em todo o mundo: “Não preciso de uma carona, preciso de munição!”.

A guerra da Ucrânia era uma oportunidade única, tanto para Putin, quanto para Soros, destruírem Zelensky. Um inimigo político comum que, para Putin, trata-se de um nazista ocidental, para Soros uma porta de entrada aos globalistas da União Europeia. Assim, conforme os acontecimentos da guerra, decidiriam quem ficaria com os espólios do conflito, no caso, a Ucrânia. Claro, tendo a possibilidade ainda de se verem reciprocamente destruídos no processo.

Só faltou combinarem com o povo ucraniano…

PONTO ADICIONAL:

Alguns leitores podem estar se indagando: “Mas o Soros está apoiando a Ucrânia!”. Sim, pois ele tem a oportunidade de enfraquecer um adversário muito maior que é Vladimir Putin. O Zelensky ele resolve depois… quem sabe já na próxima eleição? Afinal, dificilmente um candidato pro-Rússia vencerá.