“A revolução é indiscutivelmente a coisa mais autoritária que existe. É o ato em que uma parte da população impõe sua vontade à outra por meio de fuzis, baionetas e canhões”. – Friendrich Engels

Dos cérebros que advindos do século XIX, os que mais causaram danos a sociedade foram Marx, Engels, Lenin e Trotsky.

O comunismo que se apresentou como marxismo prático, “ofereceu a maior, a mais extensa, a mais profunda contestação à evolução natural das sociedades humanas constituídas sob a forma de sistemas econômicos de mercado, em sistemas políticos representativos, em sistemas culturais dotados de abertura de espírito, na linha do que vinha sendo construído pelo Iluminismo, e que ainda persiste, embora enfraquecido como um poderoso contendor ideológico das sociedades abertas, em seu popperiano”, disse Paulo Roberto de Almeida.

Os comunistas queriam a abolição dos mercados e propriedade privada, através do Estado, sob as vestes de organização social da produção baseada na apropriação coletiva, a supressão da democracia por meio do voto em favor da ditadura do proletariado e a substituição da liberdade do pensamento, da organização e de expressão.

No livro “O comunista exposto”, de Skousen, e, em artigo postado aqui no PHVox, traz a luz a posição dos comunistas sobre o corpo da mulher como forma de propriedade que precisa ser expropriada.

“Qualquer homem que queira fazer uso de uma mulher socializada deve ter um certificado emitido pelo conselho administrativo de um sindicato ou pelo soviete dos trabalhadores, soldados ou camponeses, atestando que pertence à classe trabalhadora. Cada trabalhador fica obrigado a contribuir com 2% de seu salário para o fundo […]. Os cidadãos do sexo masculino que não pertencem à classe trabalhadora podem gozar dos mesmos direitos, desde que paguem um valor equivalente a 250 francos franceses ao fundo público […]. Qualquer mulher que, em virtude do presente decreto seja declarada propriedade nacional, receberá do fundo público um salário equivalente a 575 francos franceses por mês […].

 

As mulheres grávidas serão dispensadas de seus deveres durante quatro meses antes e três meses depois do nascimento da criança […]. Um mês após o nascimento, as crianças serão colocadas em uma instituição a que será confiado seu cuidado e educação. Permanecerão na instituição para completar sua instrução e educação, a expensas do fundo nacional, até atingirem a idade de dezessete anos […]. Todos que se recusarem a reconhecer o presente decreto e a cooperar com as autoridades deverão ser declarados inimigos do povo, anti-anarquistas e sofrerão as consequências de seus atos” (pág. 115).

Skousen ainda destaca a aversão a mulher, a família e a moralidade dos comunistas quando ilustra que “Não existe violação de mulher por homem; aquele que diz que a violação é errada nega a Revolução Comunista de Outubro. Defender uma mulher violada é revelar-se burguês e partidário da propriedade privada” (pág 155).

Já no “Livro negro do comunismo no Brasil”, Paulo Roberto de Almeida, explica que a Grande Guerra e, na sua imediata sequência, com o surgimento dos irmãos siameses do fascismo e do bolchevismo. O fascismo produziu o “Estado total”, impondo, segundo Mussolini, “nada fora do Estado, nada contra o Estado”, o que aliás se encaixa perfeitamente na concepção totalitária de Lênin e Stalin. O bolchevismo fez algo que nem o fascismo ousou fazer: aboliu a sinalização de preços pelo mercado, colocando em seu lugar burocratas do planejamento centralizado, encarregados de substituir a lei maior da economia, a do equilíbrio entre a oferta e a procura por preços administrados.

O conhecimento sobre o comunismo no Brasil é deficitário pois a esquerda “deformou a verdade histórica, a direita tampouco soube compor estudos sólidos sobre essa grande ilusão que ainda persiste”.

No Brasil, o nazismo é proibido e rechaçado, mas o comunismo, além de aceito, é defendido. Isso se dá por conta da falta de material histórico fidedigno ao que aconteceu no país. Destaca-se que o ‘Livro negro do comunismo”, de Stéphane Courtois, enriquece sobre as atrocidades do comunismo no mundo, mas não fala sobre o comunismo no Brasil.

Embora o número de mortes produzido pelo comunismo no Brasil tenha sido muito menor do que os milhões exterminados nos expurgos de Stálin na ex-URSS, ou na Revolução Cultural na China, em Cuba Ucrânia, Camboja ou Coreia do Norte, é inadmissível que não seja discutido friamente na literatura brasileira, mesmo que os comunistas brasileiros não tenham conseguido se estabelecer no poder e instaurar um reinado de terror. Caso o tivessem feito, “não teríamos anos de chumbo e sim rios de sangue”, como destaca Roberto Campos.

O romantização dessa ideologia a falta de memória histórica e a cortina de silencio imposta para as verdadeiras atrocidades do comunismo é um ato impiedoso com as vítimas brasileiras do atroz marxismo, pois vilipendia-se suas dores e memorias.

Gustavo Marquês, autor do livro, explica que ainda há um silencio referente as mazelas do comunismo se dão por conta das perseguições políticas que foram impostas pela ditadura do Estado Novo varguista e pelo regime civil-militar que alcunharam a imagem de vítimas perseguidas aos comunistas.

A clandestinidade que os grupos da milícia comunista agiram no Brasil, a censura governamental e as prisões de diversos terroristas revestiram os defensores dessa ideologia genocida deram a eles o escudo da moralidade.

Excluindo a ideia fantasiosa referente aos terroristas comunistas, os que optaram por defender essa linha tenebrosa, François Furet, no livro “O Passado de uma ilusão”, discorre que “foi algo diferente e bem pior do que uma ‘ilusão’ – foi um crime. Ter sido comunista significou ter sido coautor ou cúmplice de um crime colossal contra a humanidade”.

Os primeiros grupos comunistas atuantes politicamente chegaram ao Brasil na segunda década do século XX, embora desde o ano de 1849 a palavra “comunismo” já tinha sido vulgarizada na imprensa e no Parlamento. Em 1855, o general pernambucano Abreu e Lima, escreve o livro O Socialismo. Uma obra reconhecidamente pioneira na propaganda das ideias socialistas que nasciam no Brasil.

O fatídico ano 1871 foi o palco para se falar de forma mais sistemática sobre o comunismo e marxismo no Brasil quando um artigo traduzido do “Comuna de Paris”, apareceu em um jornal de Recife (Pernambuco).

Em 1876, no Rio de Janeiro, nascia o periódico carioca Revolução e apresentava-se como “contra tudo e contra todos – monarquias e republicanos” e “só acreditava no poder das bombas”.

As ideias revolucionárias só cresceram no país com a vinda dos imigrantes europeus, sobretudo italianos e espanhóis, onde muitos eram adeptos do anarquismo.

Em 1892 aconteceu o Primeiro Congresso Socialista Brasileiro, no Rio de Janeiro, seguido de um segundo Congresso, em 1902, do qual resultou o primeiro Partido Socialista, de vida efêmera.

A fundação da Central Operária Brasileira (COB) se deu no ano de 1906. Já em 1901 a 1908, ocorreu uma onda de greves em São Paulo, o que resultou em diversos mortos e feridos.

Em 1901 um jornal de Recife, Aurora Social (cujos editores se filiaram à II Internacional), proclamava: “A Revolução faz-se com uma ideia no cérebro e uma bala na espingarda!”

Após o primeiro surto grevista, surgiu o decreto de janeiro de 1907, que expulsou os operários estrangeiros envolvidos em movimentos violentos (somam-se 132 ordens de expulsão emitidas naquele ano). Iniciou-se o surto de industrialização durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e intensificou-se a organização do operariado e as agitações sindicais, resultando na volta dos anarquistas.

À medida que aumentava as greves, a violência acompanhava essa escalada. Os anarquistas afirmavam que greve pacífica era uma greve perdida e que os grevistas, por serem foras da lei, deviam agir fora da lei.

Quando algum estrangeiro furava a greve, como no caso de um padeiro português, a morte era discutida entre os integrantes. Porém com o português que mantinha a sua produção escondida para alimentar as famílias, eles apenas enviaram um frango com explosivos dentro. Quando o padeiro o colocou no forno, explodiu. Destruiu a padaria e o português perdeu um dedo.

As greves violentas se estenderam por meses, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Falou-se, inclusive em derrubar o governo, nos moldes do putsch bolchevique na Rússia. Valendo-se de bombas e um plano conspiratório, os conspiradores só não tiveram êxito pois havia infiltrados do governo no grupo, frustrando a ação.

A ação contava com quatro mil operários, mil e seiscentas bombas de explosão, seis automóveis para movimentação e transmissão de ordens.

Nem os estudantes estavam satisfeitos com as ações dos anarquistas. Mesmo se guiando pelas teses da esquerda, os estudantes chegaram a se levantar em protestos em 31 de outubro. Os estudantes invadiram alguns jornais e destruíram os moveis e agrediram as pessoas. Entre os estudantes estavam o escritor Oswald de Andrade e o pintor Di Cavalcanti.

Nos primeiros anos da República, as greves e atentados dos anarquistas foram as principais preocupações dos policiais em São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1917, a maior ameaça estava se concretizando: O trunfo dos bolcheviques em 07 de novembro de 1917 na Rússia. O programa bolchevique (chamada de tese maximalista), se impuseram no movimento operário.

No Brasil, o golpe comunista repercutiu de propositalmente de forma errônea como “um movimento da classe operária e, para muitos deles, uma revolução de fundo libertário, anarquista”. Alguns jornais anunciavam como “os maximalistas não se apoderaram de Rússia nenhuma. Eles são a grande maioria do povo russo, único senhor verdadeiro e natural da Rússia”. Acreditava-se que na Rússia ocorrerá “uma revolução do tipo libertário, abrindo caminho ao anarquismo”.

Inclusive jornais anarquistas defendiam a Revolução Russa, justificando a revolução proletária, afirmando que ela era “necessária e humana”. Reconheciam que a revolução duraria anos até que “enquanto a formidável tarefa de reeducação do caráter humano não estiver terminada, a ditadura proletária, isto é, a força bruta, a força detestada, odiosa, mas necessária, imprescindível, não deverá ser dispensada”.

Comunistas brasileiros, totalmente cegos e devotos a pátria-mãe soviética, negavam a repressão dos anarquistas na Rússia e, inclusive davam falsos relatos. Um deles, de nome Astrojildo Pereira, dizia que a Rússia tinha muita fartura, liberdade. “Uma maravilha” e “ultrapassou minhas expectativas”, afirmou. “A primeira impressão que se tem aqui é a fartura. Os armazéns e as cooperativas estão abarrotados… Enquanto na Europa capitalista os trabalhadores estão empobrecidos e morrem de fome, a Rússia Proletária, cada dia mais rica, abastece abundantemente seus milhões de operários e camponeses libertos” e completou: “A gente aqui se sente em um mundo completamente novo, onde os nossos sonhos revolucionários são realidades concretas indestrutíveis”.

O que Pereira não contou é que um livreto, preconizava que todos aqueles que não se conformassem essa nova ordem social, deveriam ser entregues a cientistas e logo após internados em instituições psiquiátricas ou colônias regeneradoras. Prática que logo se tornou recorrente na Rússia.

Logo essa visão dos anarquistas caiu por terra e os libertários romperam com os bolcheviques. Descobriram que o regime que se instalava na Rússia era contrário aos princípios anárquicos e que, inclusive, anarquistas estavam sendo denunciados e perseguidos pelos adeptos de Lênin. O jornal A Época, tentou alertar aos anarquistas brasileiros do que estava realmente ocorrendo na Rússia, em outubro de 1917.

A distância entre os anarquistas e comunistas aumentou, sobretudo após a consolidação do poder bolchevique na Rússia, com muito derramamento de sangue, torturas e prisões.

O problema se acirrou após a fundação do PCB, em 1922, com verdadeiros duelos verbais sendo travados na imprensa operária e sindical.

Os anarquistas eram perseguidos a tal ponto que alguns comunistas diziam que “sem resquício de humanidade… matam, expulsam, prendem, caluniam”. Diziam que para os anarquistas russos, seria preferível “serem queimados no fogo, lançados aos cárceres, ou o próprio suicídio, aos horrores do cativeiro e às crueldades dos carrascos bolchevistas”.

Os anarquistas passaram a acusar o PCB de estar por trás das perseguições e ataques aos anarquistas. “Passam a denunciar a criação de uma ‘Tcheca brasileira’ e o PCB está por trás dela”.

O escritor, jurista e político, Ruy Barbosa, que nos alertou sobre o perigo da ditadura do Judiciário, também nos alertou sobre o perigo da ascensão do comunismo no Brasil. Gustavo Marques destacou um discurso proferido pelo jurista em 1919: “Uma comoção tal, por mais horrenda que haja sido a guerra, vem a ser ainda cem vezes mais sinistra. Porque não é a fraternidade: é a inversão do ódio entre as classes. Não é a reconciliação dos homens: é a sua exterminação mútua. Não arvora a bandeira do Evangelho: bane a Deus da alma e das reivindicações do povo. Não dá tréguas à ordem. Não conhece a liberdade cristã. Dissolveria a sociedade. Extinguiria a religião. Desumanaria a humanidade. Everteria, subverteria, inverteria a obra do Criador”.

Bibliografia:

– O comunista exposto – W. Cleon Skousen

Editora: Vide Editorial

Ano: 2018

– O Livro Negro do Comunismo no Brasil – Gustavo Marquês

Editora: Jaguatirica

Ano: 2019