O tempo em que vivemos, apesar das diversas transformações, ainda é regido por uma “velha ordem mundial” estabelecida desde a Primeira Grande Guerra. Grandes mentiras são vendidas como verdades absolutas para as últimas cinco gerações do pós-guerra de 1945, da quais faço questão de destacar duas por ordem de criação:

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1. Nunca mais teremos uma guerra irracional como esta [Segunda Guerra Mundial], a humanidade será voltada ao humanismo, valores universais, tolerância e diálogo.

A primeira mentira não é o centro deste breve texto, mas vale o registro de que, em nome de manter a propaganda viva e que essa falsidade representa a verdade absoluta, os maiores absurdos foram varridos para debaixo do tapete ao longo dos últimos 78 anos, transformando as relações diplomáticas em um jogo “engomado” e de aparências. Os valores dito humanistas e pacíficos não passam de um véu fino, onde todos enxergam a verdade, mas qualquer indivíduo que diga o que realmente está atrás do véu, será perseguido, achincalhado e até mesmo criminalizado.

2. O comunismo acabou com a queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética.

Esta segunda mentira é a mais repetida, justamente por aqueles que querem continuar mantendo a ilusão humanista, tolerante e de valores universais, sendo também a mais defendida com paixão colérica pelos inocentes úteis. Ora, qualquer pessoa que tenha lido e estudado um pouco sobre o comunismo, entendeu rapidamente que a sua base filosófica e até mesmo pretensamente religiosa advém da estrutura de pensamento marxista.

Os regimes comunistas, atuais e extintos, seguiram as bases doutrinárias da filosofia marxista. Sua aplicação foi alterada e metamorfoseada ao longo do tempo, sempre de acordo com a cultura a ser subjugada. Porém, o elemento base que aglutina o ideal revolucionário e que direciona a estrutura filosófica, cultural e política do comunismo permanece viva.

Para deixar ainda mais claro, vou utilizar o exemplo que o ex-Presidente e atual Vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, nos deixou em seu twitter no último dia 03 de junho de 2023:

“Hoje, o líder da Revolução Cubana, camarada Raúl Castro, completa 92 anos. Por muitas gerações de cubanos, Raúl Castro foi o símbolo da luta pelos ideais de liberdade e independência de seu país.

Raul Castro apoiou as ações da Rússia na situação relativa à Ucrânia e expressou certeza em nossa vitória.

Agradecemos ao nosso camarada pelo apoio que Cuba oferece à Rússia em relação à guerra híbrida desencadeada pelo Ocidente.”

Note a existência de uma união de objetivos e, acima de tudo, ideológicas que unem suas visões de mundo. Medvedev parabeniza Castro e relembra seus feitos ao longo dos 64 anos de ditadura comunista que impera na ilha caribenha, classifica como luta por ideais de liberdade e independência toda a repressão, perseguição, assassinato e corrupção perpetrado por Raúl e seu falecido irmão Fidel Castro. Como um bom marxista, deixa exposto que não importa o caminho que esteja trilhando, se a finalidade é implementar a revolução, tudo que acontecer pelo caminho é aceitável, pois o ideal futuro do comunismo será atingido. Importante lembrar o caro leitor: estamos em 2023 e, teoricamente, o comunismo acabou em 25 de dezembro de 1991… que mentira agradável!

Ainda em novembro de 2022, o atual ditador do comunismo cubano, Miguel Díaz-Canel, visitou o chefe de Medvedev, Vladimir Putin em Moscou e, juntos inauguraram uma estátua de Fidel Castro em uma praça pública, mas lembre-se: isto nada tem a ver com o comunismo. Segundo as mentiras que são deliciosas de se crer, “o inimigo agora é outro, precisamos nos unir contra o satã ocidental”, classificado por esses como identitarismo e globalismo.

Proponho aqui mais um breve exercício: convido a todos estudarem a origem das ideias identitárias, chegaremos certamente na Escola de Frankfurt e, ao aprofundarmos mais, descobriremos a filosofia marxista como a base de toda a estrutura desta sub-ideologia. Por outro lado, ao observarmos as bases e estruturas do globalismo, encontraremos boa parte da organização de ações e teses desenvolvidas por Vladimir Lênin, pai da revolução comunista na Rússia e, quando aprofundado, também chegaremos no marxismo como o berço ideológico e núcleo central de todas estas ações.

A verdade é que, independente da escolha, todos os caminhos levam a Marx e sua filosofia, que pavimentam o caminho para a aplicação do comunismo, seja ele aos modos soviéticos com totalitarismo de Estado, seja ele pelo modo “globalista” com a subversão total do homem, controlando-o por sua genitália e conta bancária.

Aqui, deixo alguns pontos para reflexão do caro leitor:

  • Como é possível que o comunismo tenha “acabado” com a queda da união soviética, se esse não foi criado ou unificado nela?
  • Mesmo após a queda da União soviética, diversos regimes comunistas mantiveram-se de pé, como: Cuba, Coréia do Norte, Angola, China entre outros. Estes não são comunistas e abandonaram o Marxismo?
  • Se o comunismo não pode e não deve ser resumido a um projeto político de poder, como é possível que a queda do regime em uma federação seja o responsável pelo fim do comunismo?
  • Se o comunismo realmente acabou, como as bases filosóficas do marxismo continuam mais vivas e praticamente hegemônicas em todas as culturas do planeta?

Poderia elencar aqui várias questões adicionais, mas como sabemos, todas elas levam a uma única conclusão: o comunismo jamais acabou. Suas bases, valores e ações continuam mais vivos e operantes do que nunca. Dimitri Medvedev nos mostrou isso, rasgando o véu da mentira e expondo a verdade para todos. Porém, o mais difícil não é encontrar a verdade, é lidar com o seu peso e como ela destrói as ilusões em que desejamos viver. Seja “direita” ou “esquerda”, uma quantidade enorme de pessoas correrá para levantar o véu e fazer de conta que jamais viu o que estava do outro lado e… coitado de quem ousar contradizer estas mentiras absolutistas.