Essas vilinhas bucólicas
Quiçá melancólicas
Com bodes amarrados em algarobeiras
Recordam-me algo que fui, talvez.
Falo de um sujeito mais manso . . .
Nem sei . . .
Hoje sou mais como aquele
Rio seco, agreste . . .
Eu até vou p’ro destino
Mas me arrastando
Como lágrimas em face rugosa
Lágrimas d’um olhar seco
Olhar que observa bodes
Em vilinhas bucólicas
Fartas de algarobeiras
E vê nisso poesia
(E os bodes me olham… Com olhos mais úmidos que os meus).
Anderson C. Sandes — Poeta, autor de Baseado em Fardos Reais, organizador da Antologia Quando Tudo Transborda. Graduado em Pedagogia.
Excelente texto, meu caro. Gostei de verdade. Vejo um pouco de Fernando Pessoa em seu texto, um certo desânimo com a vida de uma versão de Álvaro de Campos que teria ficado adulta e ido passar um tempo, e se deixado influenciar, por Ricardo Reis. Talvez esteja viajando na minha interpretação, mas o texto é ótimo. A propósito, é fundamental essa iniciativa do PHVOX de estimular, através deste espaço, a literatura.
Linda poesia. Essa , a mais que vital , água, alimento para nossas almas Espaço literário muito generoso e amoroso do PHVox .Parabéns ao poeta. Parabéns ao PHVox.