Desde a minha estreia no PHVox, no dia 26 de fevereiro deste ano, o que o público brasileiro mais me pergunta, disparadamente, é: “Como vai o conservadorismo na Europa?”

Até abril ou maio, a resposta era basicamente a mesma: com exceção de alguns pontos isolados, como a questão do Brexit no Reino Unido ou algumas políticas conservadoras na Polônia e na Hungria, não havia nenhum debate sério sobre como impedir o avanço progressista e, consequentemente, levar o conservadorismo de volta a vida dos europeus.

A partir do fim da segunda guerra mundial, os conservadores foram perdendo a narrativa e a capacidade de impor suas ideias no continente. A realidade era um tanto decepcionante – honestidade é o combustível do PHVox – e eu não poderia apenas responder o que as pessoas queriam ouvir.

Quem poderia prever que o brasileiro seria hoje um dos povos que mais falam de política no mundo? O Brasil, nessa nova conjuntura geopolítica, tornou-se um dos bastiões do conservadorismo ocidental juntamente com os Estados Unidos e Reino Unido.

Contudo, o verão europeu deu lugar às flores da primavera; as Igrejas foram reabrindo, e após a fábula do lockdown, o choque de realidade veio sem atraso algum. A crise financeira, o desemprego e o sul latino contra o norte germânico, dentre outras consequências do vírus chinês, trouxeram de volta às cervejarias alemãs e aos cafés italianos a boa e velha discussão política. E não por acaso, quanto mais se falava de política, mais a palavra “conservadorismo” saía dos bares e da Internet e ganhava as ruas.

Na Itália, por exemplo, a coalizão liderada pelo conservador Matteo Salvini está alcançando níveis históricos de popularidade. E mais ainda: um partido político com o nome de ITALEXIT nasceu nas terras de Dante Alighieri. Como bem previmos em nosso programa Conexão Europa no YouTube, ainda no primeiro trimestre, sem futurologia, mas com análise dos fatos e estudo da História, realmente a saída da Itália da União Europeia tornou-se a “pauta do momento” nas discussões políticas da Velha Bota.

Na Polônia, mesmo que à duras penas, o conservador Andrzej Duda confirmou sua reeleição. Na França, o progressista Emmanuel Macron viu a sua pouca popularidade evaporar-se, e agora ele anda pelo país suplicando para terminar o mandato. Na Espanha o partido conservador e nacionalista Vox, apelidado pela extrema-imprensa de “Bolsovox”, vai ganhando consistência após resultados eleitorais surpreendentes na Andaluzia, tradicional curral eleitoral da esquerda.

Mas a surpresa vem mesmo da Alemanha. Sábado passado, 1º de agosto, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra o uso de máscaras, contra a influência de George Soros através do financiamento de ONGs esquerdistas e, pasmem, contra a queridinha da mídia progressista: Angela Merkel. Há 6 meses, ou até menos, seria impensável um protesto deste tamanho em Berlim contra a atual chanceler alemã, personagem de uma narrativa midiática que uma aprovação recorde de seu governo por parte do povo. Isso nos mostra que ainda é preciso entender o tamanho da maioria silenciosa na Alemanha

Ainda é cedo para dizer se as máscaras alemãs serão os “vinte centavos” deles, porém algo está acontecendo e há indícios de que talvez seja mais que um sonho de uma noite de verão europeu. O inverno pode estar chegando aos palácios progressistas do velho continente.

 

Ivan Kleber é correspondente internacional do PHVox no Reino Unido.