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Publicado originalmente em OFFMIDIA e depois no MSM em 11 de fevereiro de 2003

“Os jornais de hoje estão cheios de congratulações
para o Chanceler do Reich (…) variam as nuances
dependendo do tom e atitude do jornal (…) mas 
todos reconhecem a estatura de Herr Hitler (…) 
e sua importância para a Alemanha”.


Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda, Locução radiofônica na véspera do aniversário de Hitler, 20 de Abril, 1933

Este discurso foi o primeiro de doze feitos anualmente pelo Dr. Goebbels às vésperas do aniversário de Hitler. Menos de três meses após a posse deste como Chanceler e após uma campanha violenta contra os jornais, levada a efeito pelas S A e pelos Stahlhelm (Capacetes de Aço). Entende-se por tanto a “unanimidade”. Progressivamente toda a imprensa ficou subordinada às publicações oficiais da Zentralverlag der NSDAP (Editora Central do Partido Nazista), o Vöelkischer Beobachter e o Illustrierte Beobachter.

Na Venezuela atual o Minfra – Ministerio de Infraestructura – seguindo o caminho do truculento tiranete de ópera bufa Chávez interveio nos últimos dias nas quatro maiores redes de Televisão do País: Globovisión, RCTV, Televesa e Venevisión. Em breve serão os jornais. Se ninguém parar o gajo em breve teremos só o Granma ou Pravda Venezolano.

Seria exaustivo prolongar a lista, bastando recordar o óbvio: todos os governos ditatoriais destroem, em primeiro lugar, sua maior inimiga, a liberdade de expressão. A Internet trouxe um problema sério para estes países, por isto ela é proibida ou rigidamente controlada. Em Cuba só se pode acessar a rede em lugares controlados pelos Comités de Defensa de la Revolución, que também selecionam os sites. Na China o controle é tal que os internautas tiveram que criar uma Freenet hospedada no exterior, mesmo assim quem for pego é preso, senão executado já que isto por lá é corriqueiro.

O que está ocorrendo no Brasil, no entanto, é algo bem diferente. Sem que o Governo tenha tomado nenhuma medida restritiva nem ameace fazê-lo, com um Presidente que até agora deu mostras de defender o mais básico da democracia que é o livre debate de idéias, a mídia em sua grande maioria está de forma abjeta se transformando numa espécie de Diário Oficial ou Voz do Brasil! É triste ver o rumo que o jornalismo brasileiro vai tomando, com raras e mui honradas exceções; está se transformando numa massa pastosa, amorfa, de unanimidades burras e puxa-saquismo explícito dos donos eventuais do poder. Falta hombridade, e sobra reles covardia da pior espécie. Falta Stanislaw Ponte Preta, Otto Maria Carpeaux e Tristão de Athayde, e sobram …. bem, todos sabem quem*.

Em todos os jornais e TVs das Organizações Roberto Marinho, então, é vergonhoso: distorcem-se os enredos das novelas para se apresentar líderes sindicais angelicais perseguidos por empresários diabólicos – será por acaso que uma é judia? – que matam o personagem mais simpático e bem composto da trama. Muda-se a programação para apresentar um filme do celerado e traidor Lamarca como um herói, em horário nobre.

Transforma-se o Presidente, um homem que se diz do povo – e que até agora não fez nada que negasse isto – em líder mundial, o que não corresponde à verdade e sabe-o quem acompanha os sites dos principais jornais europeus e americanos diariamente. A volta do Presidente só foi triunfal aqui. Ora, brilhar nos dois Países mais arrogantes da Europa? É preciso muita ingenuidade para crer! Esquecem-se da sabedoria romana que fazia com os generais que retornavam em triunfo desfilassem levando em suas bigas um chato com a coroa de louros e dizendo “não te esqueças que és homem”.

Mas o pior, o mais lamentável, é quando se expulsam colegas de profissão de jornais ou sites, como tem ocorrido, só porque não comungam do socialismo de fachada, do antiamericanismo e anti-Israel imperantes na mídia e que, portanto, desagradam leitores e anunciantes ávidos de serem mais realistas que o rei. Sites onde devia predominar o debate, impera o abate! Abate das mentes que divergem da unanimidade que lhes garante a auto-estima e a tranqüilidade da pasmaceira e da mesmice. 

A advertência, ouso fazê-la ao Presidente: não existem puxa-sacos sinceros e honestos. Os mesmos que hoje o incensam serão os primeiros a atacá-lo e tentar destruí-lo. Os que o criticam e enfrentam as adversidades desta posição, são infinitamente mais confiáveis.

* Há um ditado que diz que “em rio de piranha jacaré nada de costas”. Por isto deixo de citar nomes.