A sobrevivência em tempos anormais se dá de duas maneiras: pela completa alienação ou pela plena consciência.
Eu jamais poderia aconselhar alguém a alienar-se dos problemas e questões mundanas, porque isso seria um contrassenso. A alienação é um tipo de ignorância e, a partir do momento que a pessoa tenta se alienar, ela automaticamente, pela consciência do problema, não conseguiria.
Resta, então, para aqueles que não pretendem viver na ignorância, tomar plena consciência da situação que estão e, a partir disso, traçar as estratégias que pretendem seguir para sua sobrevivência.
O primeiro fato que se deve tomar consciência é de que os tempos atuais não são normais. Não estamos (ainda) sob uma ditadura total, mas em um processo que tenta implantá-la. Este processo acontece em meio a uma guerra silenciosa entre os poderes do Estado. Uma guerra que envolve interesses, projetos e ameaças veladas entre as forças institucionais e que, sendo uma guerra, não temos como prever seu desenlace.
O que me interessa, primordialmente, é que nós, pessoas comuns, estamos em meio a esta guerra, sob esse fogo cruzado, que por enquanto é apenas retórico e de ações institucionais. No entanto, não podemos dizer quais serão os próximos andamentos e como isso nos afetará mais diretamente.
A guerra contemporânea é, antes de tudo, psicológica e os soldados dela, sem saber, muitas vezes somos nós. Mas, sendo psicológica, atuamos nessa guerra inconscientemente e acabamos agindo não necessariamente para atingir os nossos interesses, mas daqueles que nos manipulam.
Por isso, ter consciência dessa realidade é o que nos permitirá agir com sabedoria, orientando-nos em nossos atos e palavras, norteando-nos em nossos passos e ensinando-nos sobre o momento de agir e de esperar, de falar e de calar, de ser claro ou obscuro, de ser direto ou estratégico. Tudo para que não nos tornemos nem instrumentos nem alvos.