“Se pode ser destruído pela verdade, merece ser destruído pela verdade.”

Ecologia, ramo da biologia que estuda as relações entre os organismos vivos incluindo os seres humanos e seu habitat[1]. A ecologia também foi uma palavra muito utilizada na década de oitenta para atrair a atenção de crianças e incautos. Naquela época no Brasil, até programas de televisão utilizavam essa palavra nos títulos de seus programas como sugestão de conteúdo educativo para toda a família. Tais programas, por vezes, utilizavam como referências materiais de grupos radicais como o Greenpeace ou WWF[2]. Esses conteúdos estavam relacionados a potencial extinção de espécies brasileiras como o mico-leão-dourado e como as mudanças de hábitos poderiam ajudar a preservar as espécies ameaçadas. Crianças brincavam e colecionavam os materiais oferecidos, enquanto os pais faziam sacrifícios financeiros para obterem os exemplares mais novos dos livros e das revistas, acreditando estarem investindo dessa forma na educação das crianças. Pobres pais, mal sabiam que muitas vezes estavam trazendo peças de propaganda disfarçadas de material educativo. Tais fatos estão diretamente relacionados às mudanças climáticas através do método de instigar preocupação e, consequentemente, as mudanças comportamentais utilizando a causa da salvação do meio-ambiente… Tudo por uma boa causa, é claro.

Figura 01: Imagens da tela do Greenpeace do Reino Unido com exemplos de material para crianças e jovens [1].

 

O mundo esteve “à beira de um abismo” diversas vezes, vivíamos as sombras dos fantasmas dos efeitos nocivos de gases CFCs ou freon e, por esse motivo, trocamos os eletrodomésticos que continham os famosos gases para evitar um dano mais sério à camada de ozônio com objetivo de salvar o planeta. É obvio que os lobistas da nova geração de eletrodomésticos ficaram agradecidos com o bônus de Natal e o homem comum, que pagou por isso, teve mais uma vez seus hábitos de consumo moldados [2] [3].

Porém, o que os especialistas falham em explicar é que o ozônio é naturalmente regenerado na estratosfera [4] [5] e que as partículas e os gases emitidos nas erupções vulcânicas  também contribuem para a diminuição da camada, pois a pluma vulcânica resultante absorve a radiação UV, mas bloqueia a luz solar. Isso limita a formação de ozônio [6]. Ou seja, é esperado que em períodos com mais erupções vulcânicas, ocorra uma redução na espessura da camada de ozônio. Nos dias atuais, esses mesmos CFCs continuam a serem classificados como vilões, não apenas da camada de ozônio, mas do aquecimento global [2].

 

 

Gif 1: evolução do “buraco” da camada de ozônio a partir de 1979 na região da Antártica. As manchas em roxo representam a diminuição da espessura da acamada de ozônio, enquanto que as manchas em verde representam aumento da espessura da camada. Fonte: NASA

 

Aquecimento global é uma expressão utilizada por cientistas do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) [7] para fazer referência ao aumento da “temperatura global” [8], termo popularizado por Al-Gore em seu famoso documentário Verdades Inconvenientes. A partir da divulgação do relatório, um novo cenário de catástrofe foi desenhado, geleiras iriam colapsar, o nível dos oceanos aumentaria à níveis tão incríveis que eliminariam regiões costeiras como a Flórida, ou os Estados da costa brasileira, porém haveria uma oportunidade de reverter o apocalipse iminente desde que a humanidade mais uma vez aceitasse mudar de hábitos. Segundo Al-Gore e os “especialistas”, nós, pessoas comuns, éramos o problema e nosso estilo de vida rico em emissões de dióxido de carbono (CO2) colocava em risco de extinção espécies de animais e plantas e todo o planeta. Até um prazo foi gentilmente fornecido para que novamente nos adaptássemos e com isso salvássemos espécies emblemáticas como o Ursus maritimus, popularmente conhecido por urso polar. Impossível esquecer a imagem do pobre urso que vagava abandonado em um pedaço de gelo. E a imagem que seguia na mente de uma sociedade treinada a mudar seus hábitos para salvar o planeta, era de um urso lutando para salvar a própria vida.

 

Figura 02: Imagens de ursos polares vagando em icebergs. Imagem à esquerda foi retirada de Mirror. [9] Imagem à direita foi retirada de TIME for Kids. [10]

 

A partir disso, pessoas de bom coração foram levadas a acreditar que o habitat desses ursos é apenas composto por geleiras que, com o aquecimento global, seria totalmente destruído e por consequência a espécie do simpático urso seria extinta. Porém, o que os “especialistas” falharam em explicar é que o aumento da temperatura e dos níveis de CO2 atmosférico[1] favorecem o crescimento de vegetação por meio do processo fotossintético e por consequência, aumento na população de herbívoros que são parte do cardápio do famoso urso. Assim, a população de ursos polares cresce devido à abundância de caça e é esperado que a população de ursos passe dos vinte e cinco mil indivíduos em estimativas mais conservadoras enquanto dados mais otimistas apontam para um crescimento de quase sessenta mil ursos.

 

Imagem 03: gráfico que representa a estimativa do crescimento da população de ursos polares.

 

A narrativa que apresenta uma dramática extinção de espécies e colapso de ecossistemas inteiros, como certa vez relatou de forma dramática a ativista sueca líder do grupo Extinction Rebellion, é amplamente utilizada para deixar sociedades em estado de alerta e com isso moldar seus hábitos. Da mesma forma o material ativista ainda é divulgado e disfarçado de conteúdo educacional e [1], na era da internet e das redes sociais, um discurso emocionado seguido de imagens impactantes faz o homem comum voltar sua atenção à nova ameaça que “coloca em risco” a si e sua prole, as “mudanças climáticas.” O termo é muito mais amplo do que a ameaça anterior, aquecimento global. Além disso, é de difícil compreensão porque é facilmente confundido com o clima possibilitando que até fenômenos naturais sejam classificados como tais mudanças e assim confundidos como alertas do meio-ambiente. Nesse palco, as mudanças climáticas são a justificativa perfeita para mais uma investida contra nossas liberdades através de técnicas de engenharia social.

A agricultura e a pecuária brasileiras são alvos recorrentes de grupos de ativistas que atribuem o surgimento das “crises climáticas” por causa dos gases emitidos pelo rebanho. Dessa forma, mais uma vez, pessoas comuns têm seus direitos atacados, seja o de produzir alimentos ou de escolher os itens de seus cardápios. A “segunda sem carne” tão popular no Brasil é um bom exemplo de ações e narrativas que atacam diariamente crianças, jovens e adultos, gerando ansiedade e desesperança.

O ultimato foi dado na COP26[1] quando políticos e famosos de várias partes do mundo utilizaram jatinhos particulares para informarem que o apocalipse iminente ocorrerá em até dez anos se nada for feito para mudar o curso da natureza. Após esse período, uma sociedade novamente adaptada e emocionalmente fragilizada aceitará mais imposições e sacrifícios para salvar o planeta “porque muito foi alcançado, mas ainda há muito a ser feito.” Quando na verdade, ao invés de seguir esse ou aquele “especialista,” seria mais recomendado uma abordagem mais “científica” dos fatos e compreender que a ciência tem por base o debate de ideias, proposição e avalição de teorias. Caso o debate de ideias não seja aceito, significa que estamos lidando com ocultistas e não cientistas.

Rafaella Nascimento, PhD.

 

Referências citadas

[1] Greenpeace, UK, “Greenpeace,” 05 03 2022. [Online]. Available: https://www.greenpeace.org.uk/all-resources/education-resources/.
[2] BBC, “How your fridge is heating up our planet,” 2020. [Online]. Available: https://www.bbc.com/future/article/20201204-climate-change-how-chemicals-in-your-fridge-warm-the-planet.
[3] ESRAG Environmental Sustainability Rotary Action Group, [Online]. Available: https://esrag.org/refrigerant-solutions/.
[4] United States Environmental Protection Agency (EPA) , 2021. [Online]. Available: https://www.epa.gov/ozone-layer-protection/basic-ozone-layer-science.
[5] National Aeronautics and Space Administration, “NASA Ozone watch,” [Online]. Available: https://ozonewatch.gsfc.nasa.gov/statistics/annual_data.html.
[6] Phys Org, 2021. [Online]. Available: https://phys.org/news/2021-06-ancient-volcanic-eruption-ozone-layer.html.
[7] Intergovernmental Panel on Climate Change, [Online]. Available: https://www.ipcc.ch/assessment-report/ar1/. [Acesso em 2022].
[8] Intergovernmental Panel on Climate Change, “Global Warming of 1.5 ºC,” 2018. [Online]. Available: https://www.ipcc.ch/sr15/.
[9] Mirror, 2012. [Online]. Available: https://www.mirror.co.uk/news/uk-news/polar-bear-clings-tight-iceberg-882963.
[10] TIME, “Polar Bears in Danger,” TIME for Kids, 2020. [Online]. Available: https://www.timeforkids.com/g56/polar-bears-danger/.
[11] S. J. Crockford, “Chapter 10,” em The Polar Bear Catastrophe that Never Happened , The Global Warming Policy Foundation, 2019.