PHVOX – Análises geopolíticas e Formação
Anderson C. Sandes

O que o hábito da leitura tem a ver com a liberdade?

Um povo que não domina a comunicação será enganado por oligarquias de oradores. Essa é uma das grandes conclusões de A Arte de Ler, obra de Mortimer Adler.

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A educação, de modo geral, está falida. Os alunos não dominam a língua materna como deveriam, não têm muitos avanços no vocabulário depois do ginásio (o que hoje chama-se de fundamental II), portanto, não conseguem se expressar bem e ler bem. Lendo mal, não conseguem aprender nada profundo, apenas reforçam as suas superficialidades.

Professores, que há tempos são formados em um sistema falido, não sabem identificar os problemas da educação de modo claro, e não sabem ensinar os alunos a arte de ler, ou seja, a arte de aprender a aprender.

O exercício, hábito, da boa leitura, de modo correto, é essencial para a liberdade de um povo, pois sendo homens livres, autossuficientes, coparticipantes das grandes obras e pensamentos, os homens são mais capazes de defenderem a própria liberdade, da nação, e identificar excessos do Estado ou de demagogos. Quando a educação “para todos” nivela o ensino e as habilidades por baixo, faz-se com que a “educação” recebida não seja o suficiente sequer para entender os processos democráticos de nosso país, tornando um engodo o argumento de que a educação é para criar cidadãos preparados para a democracia. Os jovens estão sendo formados em futilidades, perdendo grande quantidade de tempo em atividades secundárias, enquanto o Estado torna-se cada vez mais incompreendido pelas massas.

A afirmação de que a verdadeira educação é voluntária ainda choca pessoas, pois acreditam mesmo que ao Estado cabe a missão da educação. E é preciso entender que isso não vai acontecer, pelo menos não formará gênios e homens livres tal educação. “A educação liberal é o maior baluarte da democracia”, diz Adler. E completa:

“A inteligência que foi treinada na boa leitura desenvolveu seus poderes analíticos e críticos. A inteligência que foi treinada na boa discussão tem esses poderes mais aperfeiçoados ainda. Adquire-se tolerância com os argumentos, tratando deles pacientemente e com boa vontade. O impulso animal que nos leva a pretender impor nossas opiniões é, assim, refreado […] Aqueles que sabem ler bem, e ouvir e falar bem, tem mentes disciplinadas. A disciplina é indispensável para um emprego livre de nossos poderes […] Só uma inteligência bem exercitada pode pensar livremente”.

As pessoas perderam a capacidade de serem livres por si mesmas. Estão sempre esperando por “iluminados” que façam algo. Esperando que o governo melhore a BNCC — que é um dos responsáveis pelo fracasso da educação —, o currículo, as estruturas, os salários dos professores etc. Nada disso tem a ver com educação. Provavelmente quase nenhum de nossos professores leram os grandes clássicos da humanidade, que nem são muitos ou tão extensos assim, podendo ser lidos em torno de 5 anos de dedicação ou menos. Estão apenas cheios de futilidades e coisas secundárias para ensinar. Não são copartícipes dos pensamentos originais, das grandes mentes do Ocidente, da profunda conversação universal.

É momento de compreendermos que precisamos fazer nossa educação por nós mesmos, sem papel timbrado, sem certificação aprovada pelo MEC. Isso não vale nada. Queremos ser livres? Se queremos, precisamos agir.

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