Quem quer ter certeza de tudo, se treme inteiro quando bate um ventinho inesperado. Prefere pensar que se não for previsível, calculável, presumível sequer existe. Vive com medo, porque, no fundo, sente que o imponderável o espreita.

Todo mundo sabe, porém, que essa necessidade por segurança é desespero.

O problema é que esse desespero acaba fazendo as pessoas sujeitarem-se a qualquer autoridade que lhes prometa segurança. Basta aparecer um político, cientista ou expert garantindo-lhes que se fizerem o que está sendo determinando tudo estará sob controle e elas submetem-se ordeiramente à suas ordens.

O medo faz escravos.

Por isso, quem deseja ser livre precisa, antes de tudo, assumir que a vida é um risco – um risco mortal; que somos como o vento, que não sabe de onde vem, nem para onde vai; que hoje estamos aqui, protegidos, confiantes e, de uma hora para outra, tudo muda, o chão foge, o inesperado acontece e todas as nossas certezas se esvaem.

E tudo bem!

Mas se tudo o que temos é tão efêmero, está claro que fazer um esforço desesperado para protegê-lo não tem sentido. Abrir mão da liberdade, do trabalho, das pessoas, apenas para tentar salvar o que vai se perder de qualquer maneira não é certo, nem inteligente.

Não estou louvando a imprudência, apenas postulando que as coisas sejam colocadas em seus devidos lugares.

No fim das contas, a vida é assim: frágil e fugaz. Por isso, ela não é para os fortes, nem para os corajosos, mas para aqueles que aceitam sua vulnerabilidade.

Fabio Blanco.