O apresentador Tiago Pavinatto foi desligado do quadro de comentarista da rede Jovem Pan, após negar-se a pedir desculpas a um membro do poder judiciário por expor a sua opinião quanto a uma sentença que livrou um pedófilo da justiça. Durante o encerramento do programa em que participava, ele declarou:
“A direção da casa está pedindo uma retratação ao desembargador Airton Vieira e eu não vou fazer. E eu deixo claro aqui: eu não vou fazer uma retratação para uma pessoa que ganha dinheiro público, livra um pedófilo, e ainda chama a vítima, de 13 anos de idade, de vagabunda. Eu me nego a fazer. Estou sendo cobrado insistentemente a me retratar. Eu não vou fazer, me desculpem. Não tem mais clima. Falar de criança acaba comigo. Espero que amanhã eu volte pra cá”
O ocorrido ontem com o Pavinatto escancara que estamos, sim, num estado de censura declarada. O fato de não chamar censura explicitamente não muda o fato do estado policial já esteja implementado na consciência das pessoas.
Percebo muitas pessoas colocando a Jovem Pan como a vilã da história. Não entrarei no mérito do que a empresa deveria fazer, pois ela também está sendo caçada e com pedido de suspensão da sua concessão, justamente por dar espaço a todas as opiniões. O verdadeiro culpado por isso é o governo, e governo em uma democracia é formado por várias mãos, sendo os 3 poderes aqueles que o compõem, mas além disto, também por aqueles que exercem o poder fora dos cargos nominais.
No Brasil, está em vigência o império do relativismo cultural de Franz Boas, quando aplicado à política, tudo passa a ser conforme o poder centralizador de ideias. O grande problema nesta situação, é que este processo “democratiza” também a responsabilidade pelo estado de coisas, pois este passa a ser um senso comum autônomo, onde qualquer um pode falar, julgar e perseguir em seu nome, mas ninguém pode ser acusado como o “pai da criança”.
Nenhuma ditadura moderna estabeleceu-se como ditadura após o café da manhã. Todas elas foram criadas em nome do povo, de forma democrática, solidária e pela libertação dos povos. Aqueles que não aceitam, devem ser perseguidos e silenciados, em nome do povo, pela democracia, deforma solidária e pela liberdade do povo.
Hoje no Brasil, até mesmo revolucionários de esquerda pensam duas vezes antes de falar, pois se falarem algo contra este senso coletivo ditatorial, podem ser a próxima vítima. Em sua defesa prévia, muitos já se colocam como um “projeto em construção”.
A liberdade de imprensa não é relativa, a liberdade de expressão não pode ser relativa, a liberdade de expressão não pode ter limites. Caso alguém sinta-se prejudicado, este possui o direito de buscar reparação judicial… mas para isso, o verdadeiro estado democrático de direito deve estar funcionando e aqueles que tem o dever de zelar pelo devido processo legal, jamais podem utilizá-lo e contorcê-lo da forma que queiram.
Sim, hoje o Brasil vive uma ditadura germinada pacientemente e de forma coletiva na sociedade, aprofundada nas universidades, que formou uma geração desde os anos 1990 abertamente com o espírito de guerreiro social, que tenta a todo custo implantar uma horizontalização forçada da sociedade, onde dão a isto o nome de humanização.
Esta humanização, em nome do amor coletivo ao próximo, não possui uma “vítima”, mas apenas uma abstração inalcançável, um espantalho dialético, que deve ser protegido de qualquer um que se levante contra o Estado.
“Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado.”
Os fascistas do presente se declaram antifascistas e acredite… humanistas e democráticos.
Bravo!
Sem tirar, nem pôr.