Oh, aquela ave preta

sobre galhos rijos cinzentos.

Oh, meu sertão que se encontra verde,

tudo um pouco mais belo.

Mas a ave insiste co’a morte

ao pousar naqueles galhos podres;

podres, mas rijos.

 

Oh, aquela ave preta

a fitar ao longe algo a comer.

Oh, quão belos estão os montes,

rico em fauna pequena e indefesa.

Mas a ave insiste co’a morte

a buscar mais um cadáver;

cadáver, mas manterá uma vida.

 

Ah, aquela ave preta

e fétida com o fim em seu bico.

Ah, quantos frutos e brotos,

tudo tão maduro e gostoso.

Mas a ave insiste co’a morte

a devorar aquelas carnes podres;

podres, mas vívidas.

 

Ah, aquela ave preta

e elegante ao planar por instantes.

Ah, quantas outras aves tão belas,

sabiá, bem-te-vi e canarinho.

Mas a ave insiste co’a morte,

associa-se a amantes de vísceras;

vísceras, que as fazem completas