A grave tomada do Afeganistão pelas forças do Talibã possui alguns culpados como George Bush e Tony Blair por exemplo, porém não há como retirar da conta de Joe Biden e seu Secretário de Estado Antony Blinken a responsabilidade pela queda relâmpago do governo Afegão.

A forma como foi coordenada a retirada das tropas américas, que estão há vinte anos no país, foi completamente desorganizada, com avisos de datas prévios e pasmem, deixando para trás todas as bases com armas e equipamentos bélicos para serem tomadas pelo Talibã.

Já no começo de junho passado, o grupo extremista possuía mais territórios em seu controle do que em 2001, ano da invasão americana ao país.

As imagens deste domingo 15/08/2021, possuem uma semelhança incrível com o ocorrido nos últimos dias de abril de 1975. Mas o que temos em comum? Ambas administrações americanas controladas na sua totalidade ou em partes por grupos fechados de interesses supranacionais.

No dia 20 de abril de 1975 no Vietnã, a burocracia para a emissão de vistos de saída foi simplificada e a operação de evacuação começou a apertar o passo. Na semana que seguiu, gigantescas filas foram formadas no ginásio esportivo de Tan Son Nhut por pessoas à espera da liberação para entrar a bordo dos aviões C-130 e C-141, que decolavam ininterruptamente durante o dia.

 

A evacuação durante a ‘Operação Vento Frequente’ no Vietnã – Wikimedia Commons

As imagens do aeroporto de Kabul neste domingo 15/08/2021 são similares:


Queda de Saigon (1975), queda de Kabul (2021)

 

Na época do Vietnã, os Rockfellers controlavam a política externa e o jogo de influência da Casa Branca através de Henry Kissinger, Nixon por diversas vezes tomou decisões contra a vontade do povo americano, do partido Republicano e sem o entendimento dos motivos por muitos, sempre seguia as orientações de seu Conselheiro Nacional de Segurança e posteriormente Secretário de Estado.

Quando Nixon perdera a confiança do partido, o apoio de figuras importantes como Ronald Reagan e do próprio povo americano, foi rifado no processo do Watergate, que em suma era algo muito pequeno perto de tantas infrações que cometera durante a sua presidência, o bombardeio de bases norte-vietnamitas clandestinas no Camboja sem aprovação do congresso e sem que o governo do Camboja, então aliado americano é um exemplo.

Após a renúncia de Nixon e o seu vice Gerald Ford assumir o cargo, Henry Kissinger, que era o principal operador da maioria das infrações de Nixon, permanece no cargo dando continuidade à agenda que operava mesmo antes da eleição de Nixon.

Hoje a administração Biden serve ao Partido das Sombras de George Soros, obviamente confluindo quando interessante com interesses dos Donos do Poder dos altos círculos supranacionais como o Clube Bilderberg.

Porém, como não existe vácuo de poder na política, a influência na região foi rapidamente atraída por Rússia e China, em um jogo de manipulação que auxiliou no processo de queda do governo Afegão.

Em Maio de 2021 a diplomacia chinesa afirmou “que o extremismo não deve voltar ao Afeganistão”. Ainda no mês de junho, a ditadura de Xi Jinping reuniu-se com o governo Afegão e Paquistão para tratar sobre o seu aporte financeiro na casa dos US$65 bilhões de dólares em investimento e da abertura para a sua “Nova Rota da Seda”.

No início de julho em um movimento inesperado, o governo Russo recebe em Moscou uma comitiva do Talibã; devido à sua preocupação de o grupo extremista expandir os conflitos para além da fronteira do país. o Talibã garantiu à Rússia que não violaria as fronteiras dos países vizinhos.

No dia seguinte a esta reunião, os líderes do Talibã, outrora contrários aos chineses, declaram que as relações com o país são amigáveis e que não somente aceitariam o aporte financeiro chinês, bem como garantiriam a segurança dos trabalhadores e investidores no país. Em uma virada de posição extremamente rápida, o governo chinês recebe a mesma comitiva do Talibã na China; dias após, mais precisamente em 30/07/2021, enviam um alerta aos seus cidadãos chineses que saiam o mais rápido possível do Afeganistão.

O co-fundador do Talibã, Mullah Abdul Ghani Baradar (à esquerda), e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, mantêm conversações em Tianjin na quarta-feira. Foto: Xinhua via AP

Neste jogo de cartas meticulosamente planejado, temos:

  • Política externa desastrosa da administração Joe Biden.
  • O Talibã abastecido em armas deixadas para trás pelo exército americano.
  • Vladimir Putin movendo o jogo de influência Russo para acelerar a queda do governo Afegão e dando sua benção ao grupo terrorista, desde que mantenha a promessa de não causar conflitos com os países vizinhos.
  • O governo da China trocando afagos com o governo Afegão em um mês e sinalizando investimentos financeiros, no mês seguintes entregando o mesmo acordo para o Talibã, após a intermediação de seu maior aliado: A Rússia.
  • Talibã toma o controle do país após a renúncia do presidente facilmente.

Um novo reflexo da conturbada situação no Afeganistão pode ser Israel, e novamente com a influência da China que recentemente assumiu cooperação com a liga Árabe, onde comprometeu-se em pressionar por negociações internacionais com base em uma solução palestina de dois estados, além de investimentos chineses para a iniciativa da Nova Rota da Seda, o que planifica o caminho para a anulação dos diversos tratados de paz promovidos pela administração Trump entre Israel e seus vizinhos, ou seja, mais um movimento desastroso de Biden na política externa.

Todavia, o grande questionamento nisto tudo é: estaria o Partido das Sombras cometendo erros estratégicos na geopolítica ou simplesmente facilitando movimentos russo-chineses que podem beneficiar diretamente os interesses de seus caciques? Aguardemos os desdobramentos para ligarmos mais pontos.