Para quem acompanhou as eleições americanas aqui no PHVox  já conhece a nossa linha editorial e método de análise, portanto, em nossa cobertura das eleições na Alemanha de setembro próximo não será diferente, e este texto é o pontapé inicial dos trabalhos nesta importante eleição que l marca a troca de poder no país germânico pela primeira vez em mais de 15 anos, tendo em vis que a atual chanceler Angela Merkel não vai tentar a reeleição.

A Alemanha é o berço da reforma protestante, foi o coração do Sacro Império Romano Germânico, terra de Karl Marx e protagonista de duas guerras mundiais.

Não podemos ignorar a vida política e social da Alemanha.

Pouco mais de um ano da queda do muro de Berlim em 1989 e a reunificação das Alemanhas (Oriental e Ocidental), o país passa por uma profunda infiltração revolucionária e tem assim o início o ataque as raizes culturais da nação.

Ensinar aos alemães que eles não devem ser alemães foi a ordem do dia, até a letra do hino passou por uma modificação. Se você for um jovem alemão lhe é permito empunhar a bandeira preta, vermelha e amarela somente em manifestações esportivas como nas vitórias de Michael Schumacher e nas vitórias da seleção alemã de futebol, qualquer coisa fora disso será considero um ato “extremista”.

Mesmo com todo esse ataque revolucionário à Alemanha, a Baviera presenteou o mundo católico com o Papa Bento XVI. Baviera que eu muito bem conheço (vivi lá por cinco anos), ainda abriga um sentimento católico conservado. A região é um foco importante de atenção e observação de como os eleitores bávaros irão se pronunciar nas eleições.

É neste contexto – muito resumido – que chegamos na reta final de um governo Moribundo de Angela Merkel, que nos últimos anos, se não em todos, não mediu esforços para entregar o país mais forte economicamente, porém mais fraco em espírito e carente de uma identidade nacional, vide as bandeiras do império da Prussia voltando a tremular em manifestações contra as medidas autoritárias no combate ao vírus chinês.

A eleição será realizada em 26 de Setembro próximo, e as 598 cadeiras do parlamento estarão em disputa, sendo assim, necessário que um partido conquiste 300 cadeiras para formar um governo sem a necessidade de coalizão. No momento é pouco provável que um partido alcance tal número e a possibilidade de um impasse político no dia seguinte à eleição é muito grande.

Principais partidos e candidatos

CDU/CSU: A CDU (União democrática cristã da Alemanha) fundado em 1949 forma uma coalizão com a CSU (União social cristã na Baviera) e estão no poder desde 2005 com Angela Merkel, embora no papel se auto-defina como centro-direita, na prática é uma coalizão de centro com pautas pró-união européia, com uma visão liberal na economia e nos costumes. O candidato que representará a coalizão em 2021 será Armin Laschet, 60, que está na política alemã desde 1994 e ficou conhecido no começo dos anos 2000 como o “turco”, devido sua proximidade com os imigrantes turcos e suas visões liberais em respeito a imigração por exemplo.

SPD (Partido social-democrata alemão): É o partido mais velho da Alemanha, fundado em 1863, define-se como o partido da centro-esquerda alemã é filiada à Aliança progressiva internacional.

O partido vem perdendo consenso nos últimos anos principalmente para o partido verde e nestas eleições terá o desafio de se manter como segunda ou terceira força política do país. Seu candidato nestas eleições é Olaf Scholz, 63, que atualmente é o vice-chanceler de Angela Merkel e ministro das finanças da Alemanha desde março de 2018.

Sim, você leu bem e eu não confundi nada, ele está na coalizão atual que governa a Alemanha lado a lado com Angela Merkel, motivo pelo qual não me espanta ver FHC e Lula se abraçando.

AFD (Alternativa para a Alemanha): Fundado em 2013, nacionalista e de direita, foi o partido que mais se opôs às políticas da União Europeia e anti-imigração na Alemanha.

A “velha mídia” alemã tenta enquadrar o partido como “abrigo de neonazistas”, o que impede uma maior aproximação com um setor mais conservador do eleitorado alemão.

O partido tem grandes chances de se consolidar como a terceira ou quem sabe segunda força política no país agora em 2021. Alice Elizabeth Weidel, 41, é a líder do partido e está no parlamento alemão desde 2017.

FDP (Partido democrático livre): Fundado em 1948 é o partido liberal da Alemanha, com visões pró-união européia, liberal na economia e nos costumes. É o partido sapatênis da Alemanha e deve sair das urnas em setembro como a quinta força.

Seu candidato é o professor de Matemática Christian Lindner, 41, e parlamentar desde 2017.

Grüne (Partido verde): Fundado na Alemanha em 1980 tem ramificações pela Inglaterra, Estados Unidos, Itália e Brasil. Hoje é considerado um dos favoritos a chegar em primeiro nas eleições de setembro, mas dificilmente com a maioria das 300 cadeiras necessárias para governar sozinho.

A ascensão do partido verde na Alemanha deve-se a uma série de fatores que vamos explicar melhor em um próximo texto, mas já podemos afirmar que o eleitor de esquerda que por anos votou no partido SPD e também os eleitores do partido liberal FDP estão migrando em peso para o partido verde, principalmente aqueles dentro da faixa etária de 18 a 35 anos.

A candidata do partido verde é Annalena Barebock, 39,  formada em direito internacional pela London School of Economics em 2005 e também foi jornalista. Annalena iniciou uma dissertação sobre desastres naturais e ajuda humanitária na Universidade Livre de Berlim, mas nunca terminou sua tese.

Estes são os principais protagonistas das eleições alemãs de setembro próximo e o PHVox não irá medir esforços para trazer a melhor cobertura e análise desta importante eleição que pode definir os rumos da União Europeia para os próximos cinco anos