Com certeza, quem não acompanha o dia-a-dia da política americana ficou completamente perdido quando a sessão no congresso americano foi retomada após a invasão do Capitólio. Muitos devem ter pensado, mesmo que por um momento:

Como pode o próprio partido jogar Donald Trump aos leões? Então ele tem culpa no cartório”

Para compreender este fatídico momento, é necessária a compreensão sobre alguns aspectos da política americana e sobretudo os últimos dias de dezembro de 2020. Vamos por partes:

A estrutura (semi) bi-partidária

Diferente do Brasil, os Estados Unidos da América possuem poucos partidos políticos, sendo que praticamente a totalidade de cadeiras estaduais e federais são ocupadas por políticos de apenas dois: Partido Republicano e Partido Democrata.

Esta estrutura, faz com que dentro do partido existam diversas alas, uma espécie de partido dentro do partido, que competem entre si pelo poder dentro da legenda e pela preferência da população nas urnas. Cada ala possui suas agendas próprias e interesses.

Dentro do Partido Republicano, existem algumas alas abertamente liberais (esquerdistas no sentido americano), neo conservadores, conservadores e MAGAs (apoiadores ferrenhos de Donald Trump). Figuras expoentes do partido republicano e conhecidas no Brasil sempre foram abertamente contra Donald Trump, como por exemplo Mitt Romney, George Bush e Collin Powell.

Estas divisões apesar de menos expostas, também existem dentro do partido Democrata.

Esta compreensão é importante notar, pois a visão da estrutura ampla e fragmentada de partidos no Brasil turva a leitura dos fatos por boa parte do público brasileiro.

O jogo do Lobby: Farinha pouca meu pirão primeiro

Nos Estados Unidos da América, diferente do Brasil, o lobby é uma atividade permitida e regulamentada. Lobistas podem atuar e reunir-se com congressistas seguindo regras específicas.

No dia 22 de dezembro de 2020, o President Donald Trump divulgou em suas redes sociais um vídeo (lembrando que a esta altura Trump já estava sofrendo forte censura da mídia e das big techs) onde explicava sobre um pacote de “ajuda humanitária” em virtude da pandemia. Veja abaixo:

Mas o que isso tem a ver com a sessão de certificação do dia 06 de janeiro? Queriam os congressistas fazer justiça quanto ao coração cruel e sem humanidade de Donald Trump?

Este pacote de ajuda humanitária para diversos países é realizado para um fundo limitado e restrito de investimento pelos países beneficiados, ou seja, os países podem adquirir praticamente produtos específicos de uma lista de empresas “autorizadas e certificadas”. Estas empresas por sua vez, promovem o lobby junto aos congressistas americanos que por sua vez aprovam emendas que favoreçam estas empresas. Resumindo: As empresas pagam uma espécie de comissão aos deputados e senadores que atuaram em favor de seu lucro.

Donald Trump critica abertamente este tipo de operação há mais de dez anos, antes mesmo de ter a intenção de ser candidato a presidência já realizava declarações neste sentido.

Segundo fonte do PHVox nos EUA ligada ao partido republicano, quando o pacote chegou em seu gabinete e Trump sinalizou que vetaria, automaticamente senador do alto escalão do congresso e membro do partido republicano reuniu-se com Trump e teria dito a ele que o veto seria derrubado pelo congresso, Trump seria desmoralizado e ele estaria enterrando qualquer chance que ele poderia ter no ainda futuro 06 de janeiro de 2021.

Segundo informa a fonte, Trump não concedeu e preferiu manter a linha do acreditava ser a melhor política para os EUA: “America First”. Ouviu de seu interlocutor que era um suicida.

Esta ação gerou um imenso caos no congresso, democratas e republicanos uniram-se em coro único para maldizer o presidente que lhes prejudicara as contas bancárias.

As manifestações

Já no dia 06 de janeiro as manifestações do povo americano e apoiador de Trump tomaram as ruas de Washignton. O episódio infelizmente terminou com uma mal explicada invasão do capitólio e morte de manifestantes. Veja em detalhes clicando AQUI.

A sessão no capitólio

Até a invasão do capitólio, o primeiro estado a apresentar objeção ao resultado foi o Arizona, porém a sessão foi suspensa.

Quando retomada o clima, feições e discursos eram completamente diferentes. Novamente uma grande maioria de republicanos uniu-se aos democratas para atacar abertamente Donald Trump, acusando o presidente de ter incitado as massas a invadir o Capitólio (o que não ocorreu) e atentar contra a democracia americana.

Antes de iniciar a Sessão, sete estados apresentariam objeções ao pleito eleitoral:

  • Arizona
  • Georgia
  • Michigan
  • Nevada
  • Novo México
  • Pensilvânia
  • Winsconsin

Após o retorno da sessão e com Donald Trump já silenciado preventivamente por doze horas por todas as redes sociais, foi possível ver o discurso alinhado e promovido pela imprensa ser utilizado como apoio aos discursos alterados de horas atrás. Diversos congressistas republicanos teceram ataques a Donald Trump e prestaram louvores a Joe Biden e Kamala Harris.

O principal tom adotado no discurso era que eles eram os bastiões da democracia, o salvaguardas da liberdade do povo americano e de maneira inconcebível foram atacados por um tirano, autoritário e acima de tudo anti-democrata que não sabe perder. Era a hora de deixar as diferenças de lado e se unir pela democracia e em defesa do povo, mesmo com uma mulher, parte do povo, sendo morta a queima roupa com um tiro na cabeça de maneira completamente desnecessária por um policial do Capitólio no corredor ao lado.

Depois de declarações dadas ao fogo da paixão pela liberdade destes congressistas, seguiu-se a votação da objeção do Arizona que foi derrubada. Quanto aos seis demais estados, somente o estado da Pensilvânia manteve-se fiel ao presidente Donald Trump sustentando a sua objeção, que posteriormente também foi derrubada pela maioria do congresso.

Oportunistas ou parte de uma estratégia?

Não é possível afirmar que existia um acordo prévio ou conluio de republicanos e democratas, seria até irresponsável fazer tal afirmação baseado em juízo prévio ou de aparências, todavia, o que ficou bem claro que muitos republicanos estavam apoiando as objeções da campanha de Donald Trump a contra-gosto, porém o faziam para não perderem o apoio de suas bases eleitorais em seus estados.

Na primeira oportunidade que vislumbraram, abraçaram o discurso que lhes era favorável e seguiram defendendo os seus interesses próprios e em favor do stablishment político americano, mas claro, tudo com um verniz democrático e de amor ao povo americano, povo este que estava do lado de fora exigindo que o congresso analisasse as denúncias e toneladas de documentos, depoimentos juramentados, vídeos, áudios e relatórios de auditorias que a Suprema Corte Americana negou-se a receber.

Embate entre a elite política e o povo

Em entrevista ao programa os Pingos nos Is, o professor Olavo de Carvalho, que mora no estado da Virgínia, apontou que o embate neste momento nos Estados Unidos da América é entre a elite bilionária globalista que fez de tudo para derrubar Donald Trump e “normalizar” o status quo, contra o povo comum americano que assiste o presidente mais votado da história em uma reeleição ser cancelado pelos homens que controlam estas elites através da mídia, presidente este silenciado juntamente com o povo pelas Big Techs e ignorado pela justiça americana.

A pergunta de um bilhão de dólares neste momento é: O povo americano, a maioria silenciosa, irá aceitar e submeter-se ao governo globalista de Joe Biden?

As próximas semanas, meses e anos serão bem intensos dentro dos Estados Unidos da América.