A decisão da presidente de Honduras, Xiomara Castro, de rescindir o tratado de extradição com os Estados Unidos pela suposta “ingerência” do embaixador de Washington em Tegucigalpa em sua política em relação à Venezuela, não só gera preocupação com a medida que beneficia apenas o narcotráfico no país centro-americano, mas também mostra que a líder esquerdista empurra seu país para se tornar a quarta ditadura da região.

Embora a esposa do ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya tenha chegado ao poder em 2022 por meios democráticos, após a fraude eleitoral cometida pelo regime de Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho na Venezuela – que dividiu a esquerda latino-americana em três blocos – Castro foi colocado no grupo das tiranias, que sem totalização, sem atas e sem auditorias parabenizou o herdeiro do chavismo por sua suposta vitória, quando outros líderes da esquerda regional como Gustavo Petro da Colômbia, Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil e Andrés Manuel López Obrador do México optaram pela prudência evitando se posicionar até que sejam apresentadas evidências para apoiar o resultado, e dando um passo adiante, Gabriel Boric do Chile, Bernardo Arévalo da Guatemala e Dina Boluarte do Peru denunciaram diretamente o roubo da eleição.

Xiomara Castro preferiu se juntar à solidariedade automática dos ditadores de Cuba e Nicarágua, Miguel Díaz-Canel e Daniel Ortega, respectivamente, o que a coloca no mesmo nível desses autocratas que, junto com Maduro, compõem o bloco da esquerda autoritária. Assim, Honduras está a caminho de ser a quarta ditadura do continente. E caso houvesse alguma dúvida sobre sua posição, a presidente hondurenha enviou seu sobrinho José Manuel Zelaya Rosales, que é seu secretário de Defesa, na semana passada para se reunir em Caracas com o ministro da Defesa do regime chavista, Vladimir Padrino López. A reunião na capital venezuelana também contou com a presença do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas de Honduras, Roosevelt Hernández.

Salvo-conduto ao tráfico de drogas e solidariedade com as tiranias

Foi isso que gerou a reação natural da embaixadora dos EUA em Tegucigalpa, Laura Dogu, que expressou preocupação e descreveu como “bastante surpreendente” que os chefes militares hondurenhos tenham se sentado “ao lado de um narcotraficante na Venezuela”, já que Padrino López é acusado nos EUA de ter usado as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) para traficar drogas.

Castro está seguindo os passos de Maduro ao avançar com a decisão muito questionada de encerrar o tratado de extradição com os Estados Unidos, que permitiu a entrega às autoridades do poder norte-americano de uma centena de hondurenhos ligados ao narcotráfico desde 2014, incluindo o ex-presidente Juan Orlando Hernández, condenado em junho em Nova York a 45 anos de prisão. Tudo com a frágil desculpa de rejeitar “a ingerência e o intervencionismo dos Estados Unidos”, invocando como seu homólogo venezuelano “o respeito à soberania e autodeterminação dos povos”, alegações comuns da esquerda autoritária para justificar violações de direitos humanos, repressão, perseguição e ruptura do fio constitucional.

A interferência e o intervencionismo dos Estados Unidos, bem como sua intenção de dirigir a política de Honduras por meio de sua embaixada e outros representantes, são intoleráveis. Eles atacam, ignoram e violam impunemente os princípios e práticas do direito internacional, que …

— Xiomara Castro de Zelaya (@XiomaraCastroZ) 28 de agosto de 2024

Nepotismo, o primeiro passo para o autoritarismo

Com esse precedente, Honduras começa a percorrer um caminho perigoso que a leva a se tornar uma ditadura mais cedo ou mais tarde. O nepotismo que ficou evidente desde o primeiro dia de Xiomara Castro na Presidência mostrou uma concentração de poder típica de regimes totalitários que acabam sequestrando todas as instituições para dar aparente legitimidade a um projeto hegemônico. Assim, não só seu sobrinho José Manuel Zelaya Rosales aparece no gabinete como Secretário de Defesa, mas também seus filhos Héctor Manuel Zelaya Castro, que é seu secretário particular, e José Manuel Zelaya Castro, que ocupa o cargo de assessor presidencial.

A folha de pagamento da família Zelaya Castro no Executivo é completada pela Diretora-Geral de Política Externa do Ministério das Relações Exteriores, María Alejandra Zelaya Rosales, sobrinha do presidente, e pela assessora executiva da Comissão Nacional de Habitação e Assentamentos Humanos de Honduras, Olga Doris Castro, irmã de Xiomara Castro, entre muitos outros que ocupam cargos no Poder Legislativo. de acordo com uma investigação do Conselho Nacional Anticorrupção (CNA).

O apoio incondicional à fraude de Maduro na Venezuela tem sido o maior sinal que dispara alarmes no país centro-americano, que, com essa posição, está se afastando da defesa da democracia. No entanto, em setembro do ano passado, o então vice-presidente de Honduras, Salvador Nasralla, já alertou em entrevista exclusiva ao PanAm Post que Xiomara Castro queria “estabelecer uma ditadura no país”.

De José Gregorio Martínez para o PanAm Post.