A Páscoa é sempre muito especial. Cristãos refletem e se preparam para este momento de relembrar, reconhecer e agradecer pelo sacrifício de Jesus Cristo, do Deus Pai que entregou seu único Filho em nosso favor.
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Eu sei. A Páscoa foi há três meses atrás. Não é um erro na data de publicação. Ela deveria fazer sentido e estar bem viva dentro de nós, hoje. A Páscoa trouxe a liberdade ao que crê em Deus, e no Filho. Na Páscoa o povo judeu, escolhido de Deus, foi liberto das manipulações e artimanhas do Faraó. Por nossa causa Deus fez de Cristo a nossa Páscoa (1Co 5:7). Sim, é por meio do sacrifício de Jesus que somos verdadeiramente livres. Livres dos nossos pecados e do que nos amarra a eles neste mundo. Livres para um dia habitar no céu, em sua eternidade, para longe da podridão que nos corrompe a cada dia e nos consome se não nos arrependermos genuinamente diante daquele que nos criou, e que pagou um preço por isto: preço de cruz. Ao que crer.
Passados alguns dias do domingo da ressurreição, me deparei com a reflexão sobre a Sexta-feira Santa. O dia da escuridão. Percebi que nessa Páscoa alguns como eu refletiram de uma forma um pouco mais profunda que a habitual sobre a escuridão que houve no dia da crucificação. Eu diria que vivenciaram uma escuridão real aos pés da cruz, como se as “trevas em toda a terra até a hora nona” (Lucas 23:44) estivessem bem diante de nós, como se uma memória bem viva tivesse nos visitado como naquele dia em que tudo ficou sombrio por algum tempo, e que ao final reconheceram, o centurião e os que guardavam a Jesus: “verdadeiramente, este era o Filho de Deus” (Mateus 27:54).
Na escuridão achamos que Deus está longe da nossa dor e preocupações. Sentimos a falta Dele por passarmos por apuros, mesmo que em seguida somos inexplicavelmente salvos deles. Não sentimos o olhar dele sobre as nossas vidas, mesmo sabendo que “desde o ventre de minha mãe já sabia o meu nome” (Isaías 49:1). A morte ou o desespero nos parecem ser próximos (e são), mesmo que por instantes, como pingos doloridos da falta de esperança. A morte de um sonho, de um plano ou de uma pessoa querida. Cada um na sua proporção, mas que sentimos o pesar nas nossas almas.
A morte também chegou para o Filho de Deus, mas não permaneceu naquele túmulo por muito tempo. Depois da escuridão, Cristo ressuscitou! Depois da escuridão Jesus foi ao encontro dos discípulos. Depois da escuridão Maria não encontrou Jesus deitado no sepulcro, mas ao virar-se para trás o viu em pé. Tomé não acreditou que Cristo ressuscitara, então Jesus fez tocar-lhe as mãos para que sentisse suas feridas. Depois da escuridão Jesus recebeu os discípulos na praia, com pão e peixe postos sobre as brasas. Ele estava lá. Depois da escuridão Cristo continua aqui, vivo, com suas mãos marcadas pelo amor e estendidas.
Ainda que haja uma dificuldade permanente em nossas vidas, que até mesmo passa desapercebida aos olhos alheios, sempre há uma esperança. Porque depois da escuridão, percebemos que nossos olhos estavam apenas fechados (o milagre sobre a esperança da vida eterna nos traz essa percepção). Quando a pedra do túmulo se abre, humildemente reconhecemos que era o nosso coração que estava resistente e não queria ver a ressurreição, e com ela, a alegria e a grandiosidade da eternidade. “E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20).