Uma das eternas pautas em qualquer corrida eleitoral é a Educação. Muito embora o Brasil invista 6% do Produto Interno Bruto (PIB) – valor que é superior à média dos países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 5,5% – ele aparece nas últimas colocações nas avaliações internacionais de desempenho escolar.

Cidadãos comuns, que transitam livremente por suas cidades, podem notar tanto a falta de estrutura como a péssima qualidade de ensino oriunda do sistema educacional brasileiro; infelizmente, não podemos separar a rede pública da privada, pois o que as une é a fatídica Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o “gesso” educacional brasileiro.

Não são poucos os problemas no que tange à estrutura: em pleno ano de 2022, ainda existem escolas nos rincões do Brasil feitas com estruturas de pau a pique:  o entrelaçamento de varas de bambu, tendo como “cimento” o barro. Por conta disso, não possuem água encanada, sanitários adequados e carecem, inclusive, da merenda escolar. Ora, se a pasta da Educação é uma das mais “gordas”, por que o investimento não chega na ponta?

Diante desta realidade, os parlamentares de esquerda se mostram indignados. “Como pode? Precisamos de mais INVESTIMENTO!” Então eu digo: como pode?? Ao invés de verificar onde está o “furo” no duto da Educação, os “especialistas” querem mais dinheiro, que nunca chega. E assim, o cano continua com o “furo” que deixa vazar pelo caminho milhões de reais que poderiam ser utilizados para a construção de escolas de alvenaria.

No entanto, se formos tratar da questão “corrupção na Educação”, este modesto artigo se transformaria em uma vasta biblioteca com inúmeros exemplares. Não poderia dar conta de tamanho trabalho. Porém, quero me ater a um outro problema que, me atrevo a dizer ser mais sério. Afinal, muitos de nossos pais e avós não tiveram acesso ao sistema educacional. Lembro-me de minha avozinha que volta e meia se recorda de que quem a ensinou a escrever foi sua irmã, e que não tinha caderno, utilizando-se de saco de pão para escrever. Mas mesmo com todas as dificuldades, vovó aprendeu a ler, escrever e realizar operações matemáticas, muito diferente da presente geração Tik Tok, que não sabe o básico de ortografia, mas entende como ninguém sobre “Gênero.” O problema em questão chama-se ateísmo.

Talvez o leitor se surpreenda: “Mas o que isso tem a ver com Educação??”. Pois bem: foi aí que começaram todos os dilemas que permeiam o ensino em nossos dias. Quando Deus, O Criador, foi retirado da equação a conta deixou de dar certo e todo o sistema foi tomado por ideologias progressistas e demoníacas.

Creio que todos conhecem a história bíblica de Daniel, cujo nome significa “Deus é meu juiz”, pois naqueles tempos, o nome sempre fazia menção à crença que aquela nação vivia. Após ele e outros serem levados cativos para a Babilônia, a primeira atitude de Nabucodonosor foi trocar seus nomes, e Daniel passou a se chamar Beltessazar, de significado “Bel protege a sua vida”. Mudar o nome, na visão da época, significava mudar a crença e os costumes. Era um modo de dizer: “Acostume-se, pois você não é mais àquele que vivia em sua terra e servia seu Deus; agora, terá de servir ao nosso deus.”

E qual a semelhança disso para com nossos dias? Penso que trazer à baila a citação de um humanista, John Dunphy, possa ajudar a entender a gravidade do assunto:

“A sala de aula deve ser, e se tornará, a arena de conflito entre o velho e o novo – o corpo em decomposição do cristianismo, junto com todos os seus males e misérias adjacentes, e a nova fé do humanismo, resplendente na promessa do mundo onde o ideal cristão jamais alcançado de ‘amar ao próximo’ será por fim alcançado.”

Esta é a agenda humanista: refazer o homem e o mundo à imagem do homem autônomo, que não depende de nenhum ser superior, que destrói a crença em Deus e implementa nas mentes dos incautos a crença no “homem novo”, independente. E qual melhor meio para propagar esta ideologia nefasta? Simples: a substituição de disciplinas importantes (língua, matemática, ciências) pelos “temas transversais”.

“Ah, mas isso é um exagero da extrema-direita”, diriam os membros do fã-clube de Paulo Freire. Mas uma obra magnífica, “Maquiavel Pedagogo”, de Pascal Bernardin, mostra o exato oposto, de que esta pauta é tão real como a luz do dia, ainda que alguns sejam (ou se façam de) cegos e não queiram ver os seus raios.

Pascal apresenta-nos um documento da Unesco, intitulado “A modificação das atitudes”, de 1964. Elaborado com a desculpa esfarrapada de “combater a discriminação”, o relatório propõe a modificação das atitudes “em escala internacional”. E como isso seria realizado? Através de manipulação psicológica.

Uma dessas ferramentas de manipulação é a de dissonância cognitiva, de Leon Festinger. O documento da Unesco explica:

“…uma declaração ou ação públicas em desacordo com a opinião privada do sujeito podem gerar nele uma dissonância cognitiva, e assim, em diversos casos, acarretar uma modificação de atitude.”

Isso ocorre frequentemente no que conhecemos como “dinâmica de grupo”: uma espécie de “rodinha” é feita e é escolhido um determinado assunto a ser debatido (geralmente, temas considerados polêmicos). E a medida que os presentes emitem suas opiniões, são confrontados pelo mediador. “Mas tem certeza de que é assim?”, “Você não acha que está sendo radical demais?”, “Não acha que há algo de errado com essa sua opinião?”. E então, os ouvintes são constrangidos e “mudam” de opinião para não serem vistos como “radicais”. E nessas chamadas “dinâmicas” são plantadas as sementes ateístas nos corações puros de nossas crianças. Está feito o estrago!

Um trecho do tal documento chega a ser asqueroso, ao admitir que o objetivo da educação moderna NÃO É transmitir conhecimento: “Os teóricos da educação moderna compreenderam que a transmissão de informações, por si só, não é suficiente para que se atinjam os objetivos da educação.”. E continua: “É claro que, além disso, seria possível dar uma importância maior, nos programas das escolas normais, às disciplinas que se relacionam diretamente à questão do aperfeiçoamento das relações entre grupos.”

Um trecho do documento “International Symposium and Round Table”, evento realizado na China, trata o que devem abordar os conteúdos educacionais:

“Os conteúdos educacionais devem preparar os jovens para seus papéis futuros (relações sexuais, papéis parentais e profissionais, responsabilidades cívicas)”.

E para quem acha que Deus não deveria estar presente na Educação, trago mais um trecho deste mesmo documento, que fala de um ensino, digamos, especial:

“Note-se que no Reino Unido foi feito um esforço para definir oito domínios gerais que formariam a base de um tronco comum: A criação artística, a ética, as línguas, as matemáticas, a Física, as Ciências Naturais, a educação social e a instrução cívica, a educação espiritual. Neste caso, trata-se de um ato normativo e de uma estrutura curricular que põem EM EVIDÊNCIA A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO ESPIRITUAL.”

Educação espiritual sem Deus? Como se faz isso? Notem que os progressistas retiram a ideia de Deus para assim empurrarem qualquer deus: cientificismo, crença absoluta na imprensa, nos “institutos” de pesquisa; os deuses estão aí, como um grande buffet, onde todos os gostos são atendidos. Porque para eles qualquer destes é deus, exceto o Deus do Cristianismo. Ah, este é o “machista”, o “sexista”, o “misógino”, o “violento”, que deve ser varrido da história e da fé.

Herbert Schlossberg, na obra “Idols for destruction” disse: “Uma das ferramentas mais úteis na busca pelo poder é o sistema educacional”. E não foi sem propósito que Antonio Gramsci orientou aos seus camaradas: Não tomem quartéis, tomem escolas e universidades, não ataquem blindados, ataque ideias”.

Talvez agora alguns consigam entender os tantos ataques que o Cristianismo vem sofrendo nos últimos tempos. É a tentativa desesperada de implementar ferozmente na mente e coração dos nossos pequenos a crença de que “Deus está em tudo, tudo é Deus”, que “a verdade não é absoluta”, que “não há certo nem errado na forma de ensinar” ( e isso se reflete nas demais áreas da vida). Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “Sem mim NADA podeis fazer” (João 15.5). Nada mesmo, inclusive, ensinar.