Estamos sempre aprendendo, muitas vezes acontece involuntariamente. Todo dia pegamos vários conteúdos para nós, basta observar como os assuntos de nossas conversam modulam conforme os noticiários, como repetimos uma melodia que ouvimos alguém cantar ou como imitamos o jeito de quem admiramos. O assunto de hoje foi a compra do Twitter pelo Magnata Elon Musk, todo mundo estava falando sobre isso, quanta gente explicou a diferença entre uma empresa negociada na bolsa de valores e uma de capital fechado; até pouco tempo ninguém sabia muita coisa sobre vírus e vacinas, hoje temos o maior contingente de cientistas jamais visto nesse planeta (só que não).

O que eu quero dizer com isso é que aprender e reproduzir são, na minha opinião, fenômenos inevitáveis. Isso não é necessariamente bom, pois aprendemos um monte de besteiras quando falta prudência para lidar com os conhecimentos que chegam até a gente. Quantas coisas idiotizantes, que nos ejetam da realidade e anestesiam a nossa consciência, buscamos e aderimos ingenuamente! A juventude é talvez a campeã disparada nesse quesito. O pior disso tudo é a grande confiança depositada nos prodigiosos (sarcasmo) jovens ou nos eloquentes charlatães. Os dois possuem a mesma característica de sempre falar com augusta segurança; os primeiros fazem por ignorância ou arrogância e os segundos por maldade mesmo. Acho que Sêneca foi certeiro quando afirmou que “qualquer um prefere crer do que julgar por si mesmo”.

Assimilamos tudo os que está ao nosso entorno e grande parte vai para baixo do nível de consciência, é o que o professor Olavo chamava de conhecimento por presença, aquilo que forma de uma maneira misteriosa quem nós somos:

“Além dos conhecimentos que estão na minha mente, existem os conhecimentos que estão impregnados no meu ser e que jamais foram conteúdos da minha mente.

Eu, enquanto ser existente, possuo um imenso condensado de conhecimentos dos quais uma parte diminuta ascende a estado de consciência, a conteúdo da minha mente. Tudo aquilo que está em mim e que desconheço não é, contudo, estranho a mim; constitui, isto sim, a minha presença… A quase totalidade dos nossos conhecimentos advém da presença. O conhecimento mental corresponde a uma parcela ínfima dele.

Infelizmente, nas discussões acadêmicas, científicas e filosóficas em geral só se leva em conta o conhecimento mental, o que é origem de inumeráveis e insolúveis confusões.” Olavo de Carvalho. A consciência de imortalidade, p. 40.

Se estamos sempre aprendendo, isso significa que há sempre um tutor. Muito se engana quem acredita que educador (ou deseducador) é somente professor. Além dessa observação, também busco interpretar educação, palavra polissêmica, impregnada dessas considerações:

“Assim, tudo em educação vai girar em torno de valores… A escolha de valores por transmitir não é científica, mas intuitiva, e reflete as crenças e culturas dos responsáveis pela educação.” Alexandre Magno. Direito à educação: fundamento e prática, p. 26

Nesta declaração tem o recado fundamental que trata da urgência da conscientização de que educação, além de ser transmissão de valores, é realizada por vários agentes. Isso também significa que a responsabilidade pela educação é partilhada, que não pertence exclusivamente à família, à Igreja ou ao Estado. Embora seja primado dos pais, infelizmente a voragem de alguns agentes, com seus acachapantes meios, estão reduzindo a participação da família e dos sacerdotes religiosos a uma mera formalidade.

Daí cabe a justa preocupação que se deve dar quanto ao fato de que as ideias são compartilhadas das formas mais variadas e sutis, muitas vezes despretensiosamente, mas de outras com grande malícia. Para piorar ainda mais as coisas, dificilmente haverá uma declaração de que fulano é afeito à crença X ou Y. Na verdade, mal sabemos a origem das opiniões que formam nossa visão de mundo, repetimos o que alguém disse graças aos processos de infusão que sofremos todo santo dia. Quanto menos se dedica a descobrir de onde vieram as ideologias ou filosofias que o nosso meio difunde, maior será a absorção não voluntária de tais conteúdos.

No tocante à educação, justamente por ser compartilhada e altamente difusa, torna-se praticamente impossível ficar afastado dela. É viável, porém, adquirir certa blindagem por meio de estudo direcionado, um bom alerta situacional e incansável investigação sobre quais valores estão sendo transmitidos, a fim de fazer honesta avaliação se estão compatíveis com o conjunto de crenças das nossas famílias. Ah sim, é preciso também de muita fé para que Deus nos ajude a proteger nossos filhos da lição de cada dia.