Não sou educador, tampouco especialista em educação, mas sou pai, o que me confere a maior autoridade neste assunto quando se trata do meu filho. Não há qualquer possibilidade de haver análise mais relevante que a dos pais sobre qualquer assunto em relação aos filhos.
Infelizmente essa mentalidade não é comum no pensamento brasileiro. Acredito que isso pode ser decorrente da desvalorização da instituição família no nosso seio social. O resultado é que a opinião de quem exerce outros papeis sociais, tal como de professor, de especialista ou cientista, muitas vezes prevalece sobre a dos pais, mesmo sem sequer nunca ter convivido com a criança.
Ontem, em um canal sobre direitos das famílias, foi postada uma breve análise que dizia que o problema da educação brasileira não era a doutrinação, mas sim a irrelevância do que é ensinado, ou seja, ensina-se muito sobre coisas que servem para nada no mundo real.
Embora tal afirmação seja verdadeira, eu sinceramente não vejo o volume de matérias como a causa do problema educacional que experimentamos. Na verdade, o que mais me incomoda, como pai, não são conteúdos inúteis (o que são coisas péssimas, claro), o que me alardeia é o propósito da educação brasileira, chamada educação revolucionária ou libertadora em oposição à educação tradicional, que Paulo Freire chamava de educação bancária.
Pelo que eu depreendi ao ler os livros das escolas do meu filho e a pelas aulas dos professores, as quais pude acompanhar quando estavam em formato de videoconferência, é que a substância do que se pretende ensinar não tem relação com a disciplina formalmente declarada no currículo e no plano de aula, mas sim com a visão de mundo imbricada e transmitida junto com ela. Isso é o que importa numa educação revolucionária. Nesse modelo, os valores e crenças dos pais não têm acolhimento se forem divergentes.
Acho que essa percepção possui razoável coerência com o atual panorama, marcado por calorosos discursos descabidos que acusam a matemática de opressora por produzir respostas binária: certo ou errado; uma cultura woke que corre para cancelar literaturas universais alegando que os escritores eram “colonialistas” ou racistas; um forte desprezo pela alta cultura por ser “coisa de burguês”; ou uma valorização das músicas e demais expressões artísticas só porque possuem “brasilidade”, ainda que sejam de um baixíssimo nível intelectual ou moral. Esses eventos esquisitos vão mostrando a verdadeira substância do que é ensinado para nossos filhos, que não tem a ver com matemática, história, geografia ou biologia.
Quando os pais começarem a conhecer as causas que os professores dos seus filhos defendem, debaterem isso nas rodas de grupo e finalmente balizarem como critério de escolha da escola, talvez a educação mude.
Triste realidade.