Mas a proclamação da República não foi resultado de um anseio popular generalizado?
O povo brasileiro não teve participação alguma no golpe de 15 de novembro. Quem afirma isso é Aristides Lobo, que foi um dos principais articuladores do golpe e fez parte do primeiro governo republicano, como Ministro do Interior. Uma testemunha, portanto, bem insuspeita.
No próprio dia 15, ele escreveu ao “Diario Popular”, de São Paulo, uma crônica em que relatava os acontecimentos daquela jornada. “A colaboração do elemento civil — dizia — foi quase nula. O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam, sinceramente, estar vendo uma parada”, conforme a crônica estampada pelo “Diario Popular” de 18-11-1889.
Segundo Joaquim Nabuco, a proclamação da República exerceu, sobre a população atônita, um efeito similar ao do tiro de Caramuru entre os assombrados indígenas, e, contrariamente ao que dizem tantos manuais de História do Brasil, esteve muito longe de ser causada por consenso nacional.
Na realidade, a proclamação da República foi obra de um punhado de oficiais e alunos da Escola Militar, influenciados pelas doutrinas positivistas, então muito em voga, em alguns círculos.
Armando Alexandre dos Santos: Tudo o que você precisa saber sobre a monarquia no Brasil, Editora PHVox, página 30.
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